Os arrebatamentos na Bíblia

Arrebatamento de Elias, iluminura medieval
Agora, tu dizes: Vai, dize a teu senhor: Eis que aí está Elias. Poderá ser que, apartando-me eu de ti, o Espírito do SENHOR te leve não sei para onde, e, vindo eu a dar as novas a Acabe, e não te achando ele, me matará; eu, contudo, teu servo, temo ao SENHOR desde a minha mocidade. I Reis 18.11-12

Adaptado do texto de Paulo da Silva Neto Sobrinho.

O que poderíamos entender dessa passagem? Seria, talvez, um fenômeno de transporte, considerando que os envolvidos foram corporalmente parar num outro lugar? Embora seja um fenômeno extraordinário demais, ele é o mais provável para explicar o acontecido, tomando-se os relatos como verdadeiros. Não seria isso o que aconteceu com Elias? Ora, pelo que percebemos tal ocorrência não era totalmente estranha aos que o conheciam.

Explicam-nos os tradutores da Bíblia de Jerusalém: Os desaparecimentos repentinos da Bíblia parecem ter sido um dos traços da história de Elias em II Rs 2.16, até o seu arrebatamento definitivo em II Rs 2,11. Com isso poderemos entender o porquê dos irmãos profetas, que moravam em Betel e os que moravam em Jericó terem dito a Eliseu: II Rs 2.3-5  - Você está sabendo que Javé hoje mesmo vai levar embora seu mestre, nos ares, por cima da sua cabeça?, obtendo dele a resposta: Claro que eu sei. Mas fiquem quietos. Ou seja, todo mundo já sabia o que ia acontecer a Elias.

Podemos, ainda, ver a tranquilidade com que Elias via essa questão, não ficando temeroso em relação ao seu iminente arrebatamento, inclusive, dizendo a Eliseu que ele poderia lhe pedir o que quisesse antes que ele fosse arrebatado. E, na sequência, ele, Elias, subiu ao céu no redemoinho, após o aparecimento de um carro de fogo com cavalos de fogo que o separou de Eliseu. Os cinquenta profetas que estavam acompanhando o desenrolar dos fatos, se propuseram a enviar alguns homens valentes para procurar Elias, dizendo: Talvez o espírito de Javé o tenha arrebatado e jogado sobre algum monte ou dentro de algum vale. Só que Eliseu, retrucou: Não mandem ninguém.

A questão é: se pensassem mesmo que Elias tivesse ido literalmente para o céu, essa ideia de procurá-lo não faz o menor sentido. O fato de Eliseu não ter concordado, talvez, se explique que ele não fazia questão de que achassem Elias, porquanto, ele, como seu discípulo, é quem iria substituí-lo no cargo de profeta oficial, vamos assim dizer.

Então, Elias poderia ter sido levado (arrebatado) para um outro lugar? É provável, pois em II Cr 21,12-15 está narrado que depois desse episódio com Elias, Jeorão, rei de Judá, recebeu uma carta dele. O escritor Paulo Finotti, em seu livro Ressurreição, informa-nos sobre isso: Assim, quando Jeorão, rei de Judá, começou a reinar, já havia ocorrido o que está escrito em II Reis 2:11,12, e se Elias ainda podia enviar uma carta ao rei Jeorão é porque, após a sua “ascensão”, continuava aqui na terra profetizando para o reino de Judá.

Realmente, segundo a citada narrativa bíblica, Elias, depois de ter sido supostamente arrebatado aos céus, enviou mesmo uma carta a Jeorão, filho e sucessor de Josafá, de Judá. O que pode ser corroborado com os tradutores da Bíblia de Jerusalém, que afirmam: De acordo com a cronologia de II Rs, Elias tinha desaparecido antes do reinado de Jorão de Israel e, portanto, antes de Jorão de Judá. O cronista deve utilizar uma tradição apócrifa.

Sem levarmos em consideração que Jesus disse que o reino dos céus está dentro de vós e acreditando nesse arrebatamento como se Elias tivesse ido para o céu, fica-nos uma interrogação: por qual privilégio isso aconteceu, pois até mesmo Jesus passou pela experiência da morte? E se Elias era homem fraco como nós e que Deus não faz acepção de pessoas, então, disso concluímos, que não havia a menor possibilidade dele receber qualquer tipo de tratamento especial.

Supondo-se tal fato verdadeiro, Elias somente poderia ter sido transportado a um outro local aqui na Terra, como entenderam os filhos dos profetas, conforme consta de II Rs 2,16; caso contrário seria a outro mundo igual ao nosso, pois teria que continuar vivendo da mesma forma que vivia aqui na Terra, alimentando, saciando a sua sede, respirando, dormindo, provando aí, então, a existência de outros mundos iguais ao planeta Terra, caso Deus não tenha criado um lugar só para Elias.

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