Visão católica do Pentecostes, autor desconhecido |
Atos dos Apóstolos: Pentecostes
em todo os seus detalhes.
Se algum fato nessas narrativas até então nos pareceu
estranho seria bom que nos preparássemos para a totalmente estranha narrativa
da Lucas. Considerando que o livro dos Atos dos Apóstolos, também chamado de
evangelho do Espírito Santo, é uma continuação, algo assim como um segundo capítulo
do evangelho de Lucas, teremos que analisar separadamente o mesmo conjunto de elementos,
segundo a visão que o evangelista narrou em cada um desses momentos.
Quando ao evangelho já falamos demoradamente em uma meditação de três partes chamada É preciso ir para vir. Acrescentaria, porém, um dado relevante ao que foi dito anteriormente. Como a tônica da descrição dos evangelhos já retratados era a mistura de sentimentos que normalmente não se combinavam, além do paradoxo comentado nas postagens referidas acima, Lucas acrescenta a ideia de que o que causou descrédito entre os discípulos foi justamente a alegria. Deve ter sido a confirmação do velho ditado: era muito para ser verdade: Lc 24.41 - Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados...
Quando ao evangelho já falamos demoradamente em uma meditação de três partes chamada É preciso ir para vir. Acrescentaria, porém, um dado relevante ao que foi dito anteriormente. Como a tônica da descrição dos evangelhos já retratados era a mistura de sentimentos que normalmente não se combinavam, além do paradoxo comentado nas postagens referidas acima, Lucas acrescenta a ideia de que o que causou descrédito entre os discípulos foi justamente a alegria. Deve ter sido a confirmação do velho ditado: era muito para ser verdade: Lc 24.41 - Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados...
Na celebração do Domingo de Pentecostes,
que, em última análise, trouxe o vento, que procedeu a reparação de todos os
equívocos, e as línguas de fogo que reorganizaram o que restou de sentimentos
estranhos. Até que enfim um final de semana glorioso para quem vinha vivendo as incertezas se
um período complexo, sem parâmetros em toda a História e de difícil
assimilação.
Lucas deixa claro que Deus passa por cima de todas essas
coisas para anunciar que o derramamento total e irrestrito do seu Espírito
sobre toda a carne era chegado. Mais do que a realização de uma promessa. Essa
era a concretização de um delírio profético, que foi muito mal compreendido e
interpretado pelos contemporâneos desses autênticos arautos de Deus. Não tem
como Lucas não fazer a associação desse momento com as palavras de Jesus que
diziam: Lc 10.24 - Pois eu vos afirmo que
muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que
ouvis e não o ouviram.
Se por um lado, o Pentecostes confirma as visões proféticas,
por outro abre possibilidade de um sem número de novas visões desafiadoras ou
de um bom par de visões antigas que ainda não foram realizadas totalmente. Mas
o Pentecostes não é somente isso, ele nos faz lembrar daqueles que deram as
suas vidas para que essas promessas se cumprissem. Pelo menos é assim que Pedro
abre seu discurso inaugural, falando justamente de Joel, um profeta perseguido.
Mas se o Pentecostes nos remete ao seu passado, ele também
nos remete ao seu futuro. Esse espaço que tempo que para nós é tanto passado
quanto futuro, pois é ele quem nos situa bem entre aqueles que deram suas vidas
em testemunho de que essa promessa foi de fato cumprida e aquele que ainda o
faz hoje em dia.
Acreditar no Pentecostes não é fazer simplesmente a análise correta
dos fenômenos que o acompanharam. O vento se dissipou e as línguas de fogo não
são mais visíveis porque estes não eram os grandes milagres prometidos por Deus.
Eles apenas apontavam para os verdadeiros milagres do Pentecostes, aqueles que
ainda podem ser vistos nos dias de hoje, que são: a restauração da fé daquele
que já não encontrava motivo algum para crer; o soerguimento e valorização de
pessoas que estavam completamente esmagadas pelas circunstâncias adversas; a
transformação de homens escravizados pelos grilhões do medo em contestadores
ferrenhos das mais bem alicerçadas estruturas injustas da humanidade.
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