Suzana e os velhos. Rembrandt em 1634 |
A provação do cativeiro
Desde o início de sua existência, Israel no Egito experimentou
um cativeiro original, quando a terra que havia acolhido os patriarcas se
tomou para os seus descendentes uma casa de servidão. Porém, os hebreus eram
antes escravos do Faraó que cativos ou prisioneiros. Depois o povo de Deus
conheceu mais de uma vez a deportação, prática que Amós denuncia como um crime,
apesar de ser comum no antigo Oriente. Foi o que aconteceu às tribos do Norte
após a ruína de Samaria, depois a de Judá no início do século VI. Tratava-se, nos
dois casos, de castigos que puniam as infidelidades do povo de Deus. Na linguagem
tradicional, o cativeiro da Babilônia, embora tenha sido antes uma deportação
ou exílio, ficou sendo o cativeiro por excelência.
Além dessas provações coletivas, a Bíblia evoca, em vários contextos, a sorte de indivíduos cativos ou prisioneiros. Para alguns, a detenção é um justo castigo, para outros, ela é uma provação providencial. Assim o é para José no Egito, a quem a Sabedoria de Deus não abandonou nas suas cadeias. É também a sorte de mais de um profeta, a de Jeremias, de João Batista; enfim, a de Jesus, que foi amarrado, e sem dúvida atirado na prisão. Na Igreja, a mesma sorte aguarda os apóstolos, e Paulo, capaz de ir voluntariamente à prisão, poderá designar-se literalmente como O Prisioneiro de Cristo. Contudo, a Palavra de Deus não será acorrentada, e libertações maravilhosas ilustrarão a impotência da prisão em manter preso o Evangelho.
Além dessas provações coletivas, a Bíblia evoca, em vários contextos, a sorte de indivíduos cativos ou prisioneiros. Para alguns, a detenção é um justo castigo, para outros, ela é uma provação providencial. Assim o é para José no Egito, a quem a Sabedoria de Deus não abandonou nas suas cadeias. É também a sorte de mais de um profeta, a de Jeremias, de João Batista; enfim, a de Jesus, que foi amarrado, e sem dúvida atirado na prisão. Na Igreja, a mesma sorte aguarda os apóstolos, e Paulo, capaz de ir voluntariamente à prisão, poderá designar-se literalmente como O Prisioneiro de Cristo. Contudo, a Palavra de Deus não será acorrentada, e libertações maravilhosas ilustrarão a impotência da prisão em manter preso o Evangelho.
É que Deus se preocupa com os cativos. Se ele exige de seus
fiéis que rompam as cadeias injustas, e se a visita aos prisioneiros faz parte
das obras de misericórdia, está ele próprio cheio de solicitude para com os
seus prisioneiros, mesmo para com aqueles que com desprezo desdenharam suas
ordens: Sl 107,10-14 - Os que se
assentaram nas trevas e nas sombras da morte, presos em aflição e em ferros,
por se terem rebelado contra a palavra de Deus e haverem desprezado o conselho
do Altíssimo, caíram, e não houve quem os socorresse. Então, na sua
angústia, clamaram ao SENHOR, e ele os livrou das suas tribulações. Tirou-os
das trevas e das sombras da morte e lhes despedaçou as cadeias. Ao seu povo
cativo faz ele uma promessa de liberdade que é como que uma antevisão do
Evangelho.
O cativeiro espiritual do pecador
Através da experiência do cativeiro temporal, o povo de Deus
discerne um outro, do qual o primeiro se toma então um símbolo expressivo: o
cativeiro dos pecadores. Nesse plano, ainda, há interferência entre cativeiro e
escravidão. A afirmação decisiva de Jesus: Todo
homem que comete o pecado é escravo, tem prelúdios no Primeiro Testamentos:
Deus abandonava o povo infiel aos seus inimigos, ele o entregava ao poder dos
seus crimes; segundo o ensinamento dos Sábios o pecado constitui uma espécie
de alienação: Pv 5.22 - o homem mau fica
preso em suas próprias faltas, nos laços do seu pecado ele é capturado.
Contudo, a profundeza da aflição humana, da qual Jesus havia
de anunciar a libertação, é revelada pelos escritos apostólicos: Rm 7.14 e 23 -
Eu sou um ser de carne, vendido ao poder
do pecado..., eu sou como um cativo
sob a lei do pecado que está nos meus membros. Segundo Paulo, esta é a
condição de todo homem antes da sua justificação. O pecado não é apenas uma abstração:
os pecadores, em última análise, estão colhidos nas redes do diabo, que os faz
prisioneiros, sujeitados à sua vontade.
Esse é cativeiro espiritual que possui expressões concretas:
redes do sheôl e laços da morte, tão
temíveis aos homens. Pelo que se estendeu até eles a ação salvadora de Jesus: I
P 3.19 - depois de ter experimentado a
morte, ele desceu aos infernos, a fim de proclamar a boa-nova da salvação até
mesmo aos espíritos detidos em prisão.
Enfim, Paulo não hesita em considerar a própria Lei como uma
espécie de calabouço onde, antes da vinda da fé, estávamos encerrados. São fórmulas
extremadas, talvez, mas que ajudam a melhor compreender a verdadeira libertação
que Jesus Cristo nos obtém.
O que se tornam esses pecadores libertados por Cristo? Temos
aqui um paradoxo: eles são agora os cativos do Senhor. Paulo proclama que os
escravos do pecado se tornam escravos da justiça. Ele próprio se considera
acorrentado pelo Espírito, e quer tornar cativo todo pensamento para levá-lo a
obedecer a Cristo. À maneira dos antigos generais, Jesus, no seu cortejo
vitorioso, os levou cativos, mas foi para lhes distribuir os seus dons e associá-los
à sua própria vitória.
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