No caminho para a grande paz, Rivhard Vervoorn |
Texto do rev. Jonas Rezende.
Este é um salmo muito bonito e diferente escrito por Davi. Um poemeto em que o rei solta a imaginação para especular como seria a vida, sem a parceria divina.
O salmista bem sabe que a vida sem Deus é uma espécie de pesadelo, essa utopia pelo avesso que alguns chamariam de cacopia. Mas, em vez de avaliar tão somente o que Deus faz o rei Davi, de certa maneira, parece brincar com a impossível ideia de um Senhor ausente e tão diverso do parceiro e cúmplice de todos os que lhe são fiéis. Quase como se o salmista abraçasse, ao menos em hipótese, a teoria deísta: um Deus que cria o Universo com suas leis, mas não interfere pessoalmente em mais nada; algo assim como o maquinista que não para o seu trem por causa da formiga que caminha nos trilhos da estrada de ferro.
O salmista bem sabe que a vida sem Deus é uma espécie de pesadelo, essa utopia pelo avesso que alguns chamariam de cacopia. Mas, em vez de avaliar tão somente o que Deus faz o rei Davi, de certa maneira, parece brincar com a impossível ideia de um Senhor ausente e tão diverso do parceiro e cúmplice de todos os que lhe são fiéis. Quase como se o salmista abraçasse, ao menos em hipótese, a teoria deísta: um Deus que cria o Universo com suas leis, mas não interfere pessoalmente em mais nada; algo assim como o maquinista que não para o seu trem por causa da formiga que caminha nos trilhos da estrada de ferro.
Se não fosse o Senhor que esteve ao nosso lado, reflete Davi em um exercício racional sobre o impossível; se o Senhor não estivesse ao nosso lado, seríamos um passarinho, alvo fácil do laço traiçoeiro que os passarinheiros montam, para caçá-los. Mas Deus não está distante. Por isso, quebra o laço e nos liberta; ele é o nosso socorro.
O salmo tem como objetivo gerar a confiança de que carecemos. Em especial, no mundo que se desmorona ao nosso redor; em meio à transição de todos os valores; nessa incômoda e angustiante situação em que nos vemos como um satélite vivo sem um ponto de apoio sequer; quando todas as instituições e valores parecem insatisfatórios, mas não sabemos muito bem o que colocar no lugar deles - o ser humano se vê sozinho, perdido e inseguro. Vítima perplexa das neuroses de toda sorte. Sente o terrível desejo de fugir do conhecido, que não corresponde às suas mínimas expectativas, e se torna presa do pânico indefinível diante do desconhecido, que é a pior de todas as angústias.
Saber que Deus está do nosso lado é nosso cúmplice - esta é a mensagem mais importante deste poema de Davi, que termina apenas deixando implícito o que está claro em outros salmos, em que o rei diz claramente ao Senhor: então ensinarei aos transgressores os teus caminhos e os pecadores a ti se converterão. Porque a segurança que chega com a presença divina é a base para todas as reformas, demolição de velhas estruturas, mudanças nas pessoas e no meio em que vivemos. É, sobretudo, o fundamento sólido da esperança que nos faz caminhar destemidos, ainda que no vale da sombra e da morte.
Jacó serve de exemplo quase parabólico do que estou dizendo. Queria estabelecer a justiça sem ser justo. Mas, no Vale de Jaboque, o patriarca tem aquela misteriosa luta com Deus, onde chega a dizer ao Senhor: não te deixarei enquanto não me abençoares. Veja como a vitória de Jacó é a sua derrota, nessa luta simbólica que ele deseja secretamente perder. E efetivamente Jacó vence, porque perde. E muda de nome. De vida. Totalmente. Torna-se um homem renascido e útil aos olhos de Deus. Pronto para ser o pai de um grande povo. Assim como Davi neste salmo, Jacó também poderia cantar: o nosso socorro está em louvar o nome do Senhor, criador do céu e da terra.
O mesmo Deus de Davi e Jacó está do seu lado e quer ser seu cúmplice na construção de uma vida vitoriosa.
Faça a sua parte.
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