Descida de Jesus ao Hades, Andrea de Bonaiuto, século XIV |
“Lembra-te de Jesus
Cristo, ressuscitado de entre os mortos”. II Timóteo 2.8
Texto se João Wesley Dornellas.
A crucificação e a morte de Jesus
Aquela semana foi a mais trágica da história. Depois de ter
entrado triunfalmente em Jerusalém, montado num jumentinho, Jesus viveu dias de
angústia e de dor. Indo ao templo, teve que purificá-lo dos vendilhões, aos
quais ele condenou com veemência acusando-os de estarem transformando o templo
num covil de salteadores.
Ao mesmo tempo os principais dos sacerdotes, Anás e Caifás,
seguidos por outros membros do supremo tribunal judeu, o Sinédrio, tentavam por
todos os modos condenar Jesus à morte, acusando-o de muitas coisas que, no seu
entender, desrespeitavam as tradições e as próprias leis dos judeus. Depois de
reunir-se com seus discípulos no cenáculo, Jesus lavou-lhes os pés e reuniu-os
em torno da mesa para a refeição pascal. Nela, ele revelou que estava sendo
traído e anunciou, uma vez mais, a própria morte. Foram momentos de muita
angústia não só para Jesus como para todos os discípulos. Finalmente, entregue
por Judas, foi preso. O Sinédrio não tinha poderes para condenar Jesus à morte.
Os romanos reservaram para si próprios a pena capital. Para conseguir o
respaldo das autoridades romanas, Pilatos e Herodes, acusaram-no de querer ser
o rei dos judeus.
Em idas e vindas ao Sinédrio, a Pilatos e a Herodes, o
julgamento de Jesus acabou sendo resolvido pelo povo insuflado pelos
sacerdotes. Bem que Pilatos estava tentando, talvez por inspiração de sua
mulher Cláudia Prócula ou mesmo pelo temor de uma insurreição popular, isentar
Jesus. Sua últimas saída acabou se tornando trágica, nada ocorrendo como
planejara, isto é, ao tentar dar ao povo o poder de decidir, ele achava que
Jesus seria preferido para ser libertado em lugar de Barrabás, um assassino.
Pilatos não podia nem de longe imaginar o poder de convencimento dos sacerdotes
nem compreender o ódio que eles sentiam por Jesus. O povo escolheu Barrabás
para ser salvo e, como consequência , Jesus foi condenado à morte na cruz.
Morto, foi sepultado num túmulo de propriedade de José de Arimatéia.
Como prometera diversas vezes, ao terceiro dia ressuscitou.
Na madrugada do primeiro dia da semana, mulheres piedosas que estavam sempre ao
lado de Jesus puderam certificar-se, conforme os relatos dos quatro
evangelistas, de que Jesus vencera a morte. Depois, ele se encontra com os seus
discípulos e lhes dá as últimas recomendações.
É preciso ir além do fato histórico
Não se pode relembrar os acontecimentos daquela
semana que levaram à condenação e crucificação de Jesus de maneira
convencional. Há um antigo hino (HE 141) cuja letra nos diz “enquanto, ó
Salvador, teu livro ler, meus olhos vem abrir, pois quero ver, além da mera
letra, o que, Senhor, nos revelaste em teu imenso amor”. Muita gente ao ler a
Escritura não percebe bem quem é que, na realidade, estava sendo julgado
naquela oportunidade. Há um relato histórico, muito bem acompanhado pelos
evangelistas, embora algumas partes das narrativas não sejam muito claras e,
até, em certos pontos, meio contraditórias. A “leitura” além da letra dos
acontecimentos, no entanto, passa certamente por tudo o que está nas páginas da
Bíblia, tanto do Antigo, especialmente no livro de Isaías, como em todo o Novo
Testamento, principalmente nas cartas paulinas. (continua)
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