Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo. Apocalipse 1.3
O experimento mental do Gato de Schrödinger |
Quando falamos sobre o "gato de Schrödinger" estamos nos referindo a um paradoxo que aparece a partir de um célebre experimento imaginário proposto por Erwin Schrödinger em 1937, para ilustrar as diferenças entre interação e medida no campo da mecânica quântica.
O experimento mental consiste em imaginar um gato aprisionado dentro de uma caixa que contém um curioso e perigoso dispositivo. Esse dispositivo se constitui de uma ampola de frágil vidro (que contém um veneno muito volátil) e um martelo suspenso sobre essa ampola de forma que, ao cair, essa se rompe, liberando o gás venenoso com o qual o gato morrerá. O martelo esta conectado a um mecanismo detetor de partículas alfa, que funciona assim: se nesse sensor chegar uma partícula alfa que seja, ele é ativado, o martelo é liberado, a ampola se parte, o gás escapa e o gato morre; pelo contrário, se nenhuma partícula chegar, nada ocorrerá e o gato continuará vivo.
Quando todo o dispositivo estiver preparado, iniciamos o experimento. Ao lado do detetor colocamos um átomo radioativo que apresente a seguinte característica: ele tem 50% de probabilidade de emitir uma partícula alfa a cada hora. Evidentemente, ao cabo de uma hora só terá ocorrido um dos dois casos possíveis: o átomo emitiu uma partícula alfa ou não a emitiu (a probabilidade que ocorra um ou outro evento é a mesma). Como resultado da interação, no interior da caixa o gato estará vivo ou estará morto. Porém, isso não poderemos saber.. a menos que se abra a caixa para comprovar as hipóteses.
http://www.feiradeciencias.com.br/sala23/23_MA14.asp
Não são poucas as vezes em que a fé cristã é representa por dualismos. Ainda esta semana neste blog falamos sobre espera e entrega, quando estas não assumem características de inanição ou descaso, mas de uma atitude consciente diante da impotência. Em qualquer concepção coerente do que vem a ser o Reino de Deus, nunca poderá ficar de fora a proposta de que ele já está entre nós, mas ainda não é pleno. É esse já e ainda não que marcam a trajetória do cristão no mundo.
Jesus em uma das suas orações mais objetivas intercede por nós pedindo a Deus que não nos guarde do mal, sem nos tirar fisicamente do mundo. Há pouco tempo existia em algumas igrejas o seguinte slogan: No mundo, mas não do mundo.
Em mais uma das minhas longas conversas com o maior colaborador desse blog e meu mentor particular, o rev. Jonas Rezende, conseguimos ir um pouco mais adiante nesse assunto, e concluímos que é justamente esse o fator inusitado e único da nossa fé; o que deveria ser mais exaltado; e o que mais estimularia a propagação e aceitação do evangelho. Neste nosso mundo, quem tem por meta a busca da certeza no futuro e da segurança pessoal como objetivos primários para alcançar uma vida plena, não seria convencido através de dogmas que pregam as certezas da fé, e por eles não que poderíamos almejar qualquer resultado minimamente favorável.
É aqui que a incerteza predomina sobre a certeza, em que a fé se sobrepõe a realidade, em que o dualismo se agiganta ante a convicção plena. Porque mesmo aqueles que buscam freneticamente aquilo que chamamos de objetivos primários desse mundo, jamais suportariam viver debaixo dessas condições, e talvez os elementos que mais os motivem estejam justamente na caminhada, e não no ponto de chegada.
Afinal, o gato está vivo ou está morto? Pela fé, só poderíamos essa pergunta com razoável certeza no breve momento em que estamos olhando pelo buraco da fechadura. Nem imediatamente antes, nem imediatamente depois. Foi dessa maneira que um dia todos fomos recrutados. Tanto aqueles que se chegaram à fé por iluminação, como os que por experiências, na maioria das vezes traumáticas, ouviram de Deus o mesmo chamado que Abraão ouviu: Sai da tua terra e da tua parentela, e vai para uma terra que eu te mostrarei.
A ênfase de Deus está no hoje; no agora: Se hoje ouvirdes as sua voz, não endureçais o vosso coração. As promessas, como a do Apocalipse acima, serão concretizadas, apenas e tão somente, quando houver um movimento em sua direção. Nada que esteja vinculado a certezas, garantias ou resultados pode antecipá-las ou mesmo vislumbrá-las. É por tudo isso que um dos hinos mais inspirados do Hinário Evangélico seja justamente o que canta a incerteza. Na poesia do rev. Justus Nelson sejamos, portanto, embalados.
Não sei porque de Deus o amor
A mim se revelou,
E para si meu Salvador,
Minha alma resgatou.
Não sei o que de mal ou bem
É destinado a mim.
Se maus ou áureos dias vêm,
Até da vida o fim!
Mas eu sei em quem tenho crido,
E sei também que ele é poderoso:
Guardará, pois, o meu tesouro
Até o dia final.
Um comentário:
Caro amigo Sergio
Brilhante sua afirmação de nosso chamado ser o mesmo de Abra
ão. Nosso destino é SEMPRE desconhecido. " Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo. TUDO MUDA, O TEMPO TODO, NO MUNDO". Canta Lulu Santos, a frase do Nelson Mota.
Quanto ao dualismo,nós Psiquiatras chamamos de Ambivalência Afetiva,que é querer uma coisa e querer o contrário desta coisa, AO MESMO TEMPO. Vinícius cantou: " Ai vontade de ficar, mas tendo que ir embora". A Bíblia nos diz: "O espírito está pronto, mas a carne é fraca". Mas eu sei em quem tenho crido e estou bem certo de que o Reino de Deus está dentro de nós, em estado latente,(agora conhecemos em parte) e que um dia entraremos neste Reino plenamente.(Então conhecerei como sou conhecido).
Abração.
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