Páscoa, Große Übersicht em 2009 |
O nome Páscoa vem do aramaico pashã’, que deriva do hebraico pesah, e que derivou no grego pascoa. Mas o seu sentido original de pesah ainda é discutido. Alguns dizem vir da palavra de pãsah, que significa claudicar ou saltar, onde pesah significaria originariamente uma dança cultual. Para outros era uma cerimônia pela passagem do sol pela constelação do carneiro, quando a lua atingia seu ponto mais alto. Em Êx 12.13-27 a palavra é relacionada com o fato de que Iahweh passou poupando ou saltando, na noite em que feriu os primogênitos dos egípcios. Conforme esse texto ele saltou as casas dos israelitas, porque a verga e as duas ombreiras da porta foram pintadas com o sangue do cordeiro pascal.
Na Bíblia pesah e seus equivalentes são usados para indicar tanto a festa como o animal sacrifical. Mais tarde, quando a festa dos ázimos se juntou à Páscoa, o pesah passou a ser celebrado no primeiro dia de Nisan da festa dos ázimos, mas podia significar também a festa toda, que durava sete. Originariamente o pesah e a festa dos ázimos eram duas festas distintas. A primeira tinha relação com a vida dos nômades, a segunda com a dos agricultores sedentários. Como ambas as festas caíam na primeira lua cheia da primavera, foram mais tarde unidas, e celebradas em memória do Êxodo, porque, conforme a tradição, esse se dera na primavera. Assim, os ritos dessas festas passaram a ser relacionados com acontecimentos do Êxodo.
Os ritos da Páscoa não continuaram sempre os mesmos. Conforme Êx 12,1-14 e 43-49, que não pertence às fontes mais antigas, mas que narrou os costumes mais antigos, a Páscoa seria celebrada no primeiro mês chamado antigamente Abib, mais tarde Nisan: Março/Abril. No 10° dia do mês toda família deveria adquirir um cordeiro de um ano, sem defeito, macho, e matá-lo no dia 14, ao cair da tarde. Com o sangue deveriam tingir os dois umbrais da porta e a verga. Isso significava uma adaptação à evolução posterior de Israel, que se tornou um povo sedentário em Canaã, mas antes não moravam em casas, mas em tendas. O cordeiro deveria ser assado inteirinho, sem que lhe fosse quebrado um osso; a refeição deveria ser comida em roupas de viagem, com toda pressa, com pães sem fermento e ervas amargas, e nada poderia sobrar na manhã seguinte. Êxodo 12.21-27 acrescenta que o sangue do cordeiro deveria ser colhido numa bacia e aspergido com um feixe de hissopo na verga e nos dois umbrais da porta. Até a manhã seguinte ninguém poderia deixar a casa, e o pai da família deveria explicar o sentido desse rito com o sangue.
Aqui a Páscoa tem o caráter de uma festa familiar de um povo de pastores nômades, cujos ritos principais são: o pai da família mata o cordeiro, a refeição sacrifical fortalece a solidariedade da família, e o rito com o sangue protege a família contra a perdição. O texto do Êxodo 12.43-49 exclui os estrangeiros e os escravos da celebração da Páscoa, a não ser que fossem antes circuncidados. Números 9.6-13 determina que só aqueles que são ritualmente puros podem e devem tomar parte na Páscoa; os que no dia 14 de Nisan se encontram impuros e os que estão viajando deveriam celebrar a Páscoa um mês depois.
Conforme Deuteronômio 16.1-8, o animal sacrificado deveria ser uma ovelha ou um gado de maior porte. Não poderia mais ser morto na aldeia e em casa; deveria ser morto, cozido e comido no santuário central, no primeiro dia da festa. Da carne nada poderia sobrar até pela manhã. Durante seis dias era prescrito comer pão ázimo. A reforma deuteronomística do rei Josias narrada em 2Rs 23.21-23) privou a Páscoa do seu caráter de festa familiar e de rito de sangue. Mais tarde, o direito de matar o animal sacrifical foi reservado aos levitas e o antigo rito com o sangue substituído pelo derramamento do sangue ao pé do altar, pelos sacerdotes. No tempo de Jesus ainda existiam esses costumes: os animais eram mortos no templo, entre 14h30m e 17h, mas a refeição pascal, em grupos de dez a vinte pessoas, era tomada nas casas. Por causa da grande multidão de peregrinos em Jerusalém, era impossível todos comerem o cordeiro pascal no Templo. (continua)
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