Adoração dos magos, desenho de
Edward Burne-Jones em 1888 |
A filha de um pastor muito conhecido exibe orgulhosamente um
amuleto para a sua proteção que diz ser autêntico, pois foi buscá-lo na Índia e
o recebeu diretamente das mãos do seu guru indiano. Notícias de filhos de
pastores envolvidos em assaltos, tráfico de drogas, sequestros e outros delitos
circulam nos noticiários há bastante tempo. Então, o que há de errado com o
provérbio bíblico acima?
Para ser sincero e honesto, eu conheço poucos filhos de pastores que permaneceram na igreja em que seus pais eram ministros. Alguns desses poucos, apesar de estarem na igreja, são membros manifestamente insatisfeitos ou tem participações mínimas nas atividades locais.
Para ser sincero e honesto, eu conheço poucos filhos de pastores que permaneceram na igreja em que seus pais eram ministros. Alguns desses poucos, apesar de estarem na igreja, são membros manifestamente insatisfeitos ou tem participações mínimas nas atividades locais.
Existe um palavrão na Teologia que pode dar uma pista bem
consistente do que seria uma das principais razões desse paradoxo. O palavrão é
anfictionia e não é suficiente consultar o dicionário, porque lá diz apenas que é
uma assembleia de anfictiões. Mas a
anfictionia religiosa é algo muito preciso do que esta definição simples,
principalmente no Velho Testamento. Na antiguidade cabia ao pai legar a um
dos filhos, que nem sempre era o primogênito, além da herança de bens
materiais, a sua herança religiosa, ou, como dissemos anteriormente, a sua anfictionia
religiosa. Por isso é que nas suas páginas encontramos constante o chamado conclamando
o povo a retornar a sua fé ao Deus dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Isso
demonstrava a importância de se manter firma na fé dos antepassados, pois nela
estava continha toda a tradição oral e escrita que unia o povo de Israel.
Por outro lado, encontramos também as diversas maneiras com
que essa anfictionia foi transmitida: Por meio de falcatruas, como a de Isaque a
Jacó, por meio de predileção, como foi a de Jacó para José. Não quero dizer
com isso que os colegas pastores foram omissos nessa anfictionia na educação
dos filhos e o resultado pode se notar nos absurdos descritos acima.
Eu penso, me desculpe quem possa se sentir atingido,
mas que esses são verdadeiros retrocessos na vida de um cristão. Afirmar categoricamente
que um cristão não possa se converter a outro credo, não atrevo. Mas tudo me
leva a crer que este nunca foi um cristão de fato, ou, como dizia John Wesley, sempre foi um quase cristão.
Todos os caminhos que a Bíblia aponta nos faz crer que isso
não é uma simples falácia ou delírio de alguém supercomprometido com o
Cristianismo. Como exemplo, podemos observar quwe não foram todas as vezes que
próprio Jesus aceitou ofertas voluntárias de pessoas que queriam segui-lo. A
alguns ele disse: Volta para a tua casa e
conta o que Deus fez por ti. De modo semelhante temos os magos do oriente,
que representavam as maiores autoridades científicas de então. São estes que
deixaram de lado os seus estudos e compromissos inadiáveis para seguir uma estrela que apontava na direção de uma criança que viria para
transtornar o mundo. Alguém que viria
para inaugurar um caminho sem volta.
O Salomão dos provérbios tem certa razão. Contudo, uma coisa
é ensinar o caminho a criança. Outra é garantir que ela permanecerá firme nele.
Muita gente recebe um monte de coisas boas e não sabe o que fazer com elas. Muita gente recebe uma responsabilidade de levar a herança que recebeu
dos pais um pouco mais adiante, mas assim como fez Isaque, cabula nessa sua
responsabilidade moral. Muita gente tem até a noção do caminho que deve andar,
mas anda por outros caminhos guiados por experiências alheias, que jamais foram reveladas pela anfictionia religiosa de seus pais e avós na fé.
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