O que é IMPOSIÇÃO DE MÃOS?

Jesus e as crianças, Carl Vogel von Vogelstein
Assim como a palavra, a mão é um dos meios mais expressivos da linguagem do homem: por si só, ela simboliza ordinariamente o poder, de certa forma, do Espírito de Deus. Impor as mãos a alguém é mais do que elevar as mãos, ainda que para abençoar, é tocar realmente a outrem e lhe comunicar alguma coisa de si mesmo.

No Primeiro Testamento
Sinal de bênção, a imposição das mãos exprime com realismo o caráter da bênção, que não é simplesmente uma palavra, mas um ato. Assim Jacó transmite a toda a sua posteridade a riqueza da bênção que ele mesmo recebeu de seus antepassados, Abraão e Isaac: Gn 48.13 —Que eles cresçam e se multipliquem sobre a terra!

Sinal de consagração, a imposição das mãos indica que o Espírito de Deus põe à parte um ser que ele escolheu para si, que toma posse dele, que lhe dá autoridade e aptidão para exercer uma função. Assim é que os levitas são postos à parte, como uma oferenda santa, e que o Espírito de Sabedoria enche a Josué, dispondo-o a exercer o cargo de chefe do povo com plenos poderes: Nm 27.15-23.

Símbolo de identificação, a imposição das mãos estabelece uma união entre aquele que oferece uma vítima em sacrifício e a própria vítima: esta é consagrada a Deus, incumbida de assumir os sentimentos do ofertante, a ação de graças, o pesar pelo pecado e a adoração; assim é nos sacrifícios de expiação, de comunhão, pelo pecado, ou ainda na consagração dos levitas. No rito do bode expiatório no dia da Expiação, há ainda identificação com outro bode, o emissário, mas com este não há consagração.

Pela imposição das mãos, Israel comunica ao animal os seus pecados; este, tendo-se tornado impuro, não pode ser oferecido a Javé em sacrifício, mas é banido para o deserto: Lv 16,21 — Arão porá ambas as mãos sobre a cabeça do bode vivo e sobre ele confessará todas as iniquidades dos filhos de Israel, todas as suas transgressões e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem à disposição para isso.

No Segundo Testamento
Na sua vida, em sinal de bênção, Jesus impôs as mãos às criancinhas, conferindo-lhes a bem-aventurança que ele anunciava aos pobres, obtendo de seu Pai os frutos de sua própria oração. A imposição das mãos é também um sinal de libertação. Efetivamente, por esse gesto Jesus curou os doentes: Mulher, estás curada de tua enfermidade, disse à mulher encurvada, e em seguida lhe impôs as mãos, e ela se endireitou no mesmo instante. O mesmo gesto para a cura do cego de Betsaida ou para cada um dos inúmeros doentes que tinham acorrido na hora do pôr do sol.

Na vida da Igreja, conforme a promessa do Ressuscitado, os discípulos imporão as mãos aos doentes, e estes ficarão curados. De modo que Ananias restitui com esse gesto a vista a Saulo convertido, e Paulo, por sua vez, restitui a saúde ao governador de Malta. Além desse sinal de libertação, a imposição das mãos é praticada, desde a Igreja nascente, como sinal de consagração. Por ela se transmitem os dons divinos e principalmente o dom do Espírito Santo. Foi assim que Pedro e João o conferiram aos samaritanos, que ainda não o tinham recebido; Paulo fez o mesmo aos de Éfeso. Simão o mago foi tomado de tal admiração pelo poder desse gesto, que desejara comprá-lo com dinheiro. Esse gesto aparece, por conseguinte, como um sinal visível, portador de uma realidade divina poderosa.

Por esse mesmo gesto, a Igreja transmite um poder espiritual adaptado a uma missão precisa, ordenado a funções determinadas: assim foi para a instituição dos sete Diáconos consagrados pelos Apóstolos, ou no envio de Paulo e Barnabé. Paulo, por sua vez, impõe as mãos a Timóteo, e Timóteo repetirá esse gesto sobre aqueles que tiver escolhido para o ministério. Desse modo, a Igreja continua a impor as mãos, em sentidos específicos, segundo esta fórmula restrita, e assim, esse gesto continuará a ser portador dos dons do Espírito.

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