Os sete diáconos de Atos dos Apóstolos |
O segundo tema da palestra que me abriu o entendimento foi quando a palavra leigo foi usada para designar os membros não clérigos da igreja. Não preciso consultar dicionário para entender que leigo é aquele que nada sabe sobre um determinado assunto e é também, ao lado da palavra laico, uma forma de declarar total descompromisso com uma instituição. Tenho na minha conta que qualquer pastor que chama os membros de sua congregação de leigos está assinando o seu próprio certificado de incapacidade, posto que uma das funções pastorais é a edificação através ensino das sagradas Escrituras, da História da Igreja e das doutrinas primordiais da fé e da denominação.
Sinto-me bem à vontade para falar desse assunto porque participo de uma comunidade onde os membros têm mais conhecimento teológico do que a maioria dos pastores televisivos. Nossos sermões são abertos a participações, questionamentos e perguntas aos presentes, sem restrição de credo, idade ou assiduidade aos cultos. Qualquer pessoa pode se manifestar, desde que salvaguarde, como sempre, o respeito e livre opinião do companheiro ao seu lado.
Tenho que dizer que é complicado, pois situações embaraçosas são constantemente criadas, mas é um culto que tem servido de referência, sempre que a Igreja Cristã de Ipanema é comparada a outras congregações evangélicas. Seguramente posso afirmar que esta não é uma igreja de leigos.
O terceiro tema que me chamou atenção foi quando o palestrante perguntou qual era a função do pastor. Respostas do tipo: administrador, conselheiro, pregador e guia espiritual na faltaram. Para mim basta a definição de Atos 6.1-6. Nela entendemos que o pastor é aquele que serve à mesa. Aquele distribui conforme a necessidade e a capacidade de cada um o alimento espiritual, que é a base do seu ministério. Em termos atuais o pastor seria um garçom com mais percepção e conhecimento do grupo a quem serve.
Logicamente que essa não é uma definição aceita pala maioria dos pastores, porque lhes tira da posição de destaque e de referência na comunidade para colocá-lo em um plano secundário, onde a sua participação tende a diminuir cada vez mais. Convém lembrar que a instituição dos diáconos e presbíteros foi em decorrência de uma situação incômoda que se instaurou na igreja primitiva. Era um cargo que se perpetuou devido ao aumento das situações incômodas que surgiram na igreja ao longo de sua história. Temos a convicção de que não constava dos planos de Jesus a formação de uma hierarquia dentro do evangelho. A proposta do sacerdócio universal dos crentes ainda é a única verdadeiramente válida. É nesse sentido que precisamos que trabalhar.
A ambiguidade pastoral é justamente essa: se aperfeiçoar, se aprimorar e se esmerar em uma tarefa cujo objetivo é providenciar os meios para a sua própria extinção. Várias são as promessas bíblicas de que o conhecimento de Deus se espalharia de igual modo sobre todos os viventes e não somente sobre a igreja. A igreja é apenas o embrião de um projeto muito maior e abrangente. A grande ambição de Deus é que todos sejam salvos e que venham ao conhecimento da verdade. Nesse projeto o pastor entrou por mero acaso, por causa da dureza dos nossos corações.
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