Casa de Ernani, Andre Simon em 2008 |
Texto generosamente cedido pelo Revmo. Bispo Josué Adam Lazier, Bispo Honorário da
Igreja Metodista, pastor, teólogo, escritor e conferencista.
Na história da Igreja sempre houve o fenômeno de membros
abdicarem de seus votos e de sua relação com as diferentes Igrejas e ou
denominações e se filiarem a outras. Isto é natural, pois as pessoas estão em
processo de mudanças e procuram se localizar no mosaico de comunidades
religiosas.
Nos últimos tempos temos vivido algo que estou chamando de
“a igreja abdica de seus membros”, pois são muitos que deixam de receber o pastoreio,
o acompanhamento, a atenção, a orientação em virtude de posicionamentos
doutrinários, teológicos ou ideológicos. Da mesma forma que as pessoas estão em
processo constante de transformações, as instituições religiosas também e
sujeitas a movimentos. Há afirmações de que estes movimentos, ou ondas, duram
entre 20 e 30 anos, algumas vezes mais, outras vezes menos, mas elas sempre
existirão nas diferentes comunidades cristãs.
O que chama a atenção é o fato de algumas igrejas abdicarem
de seus membros, por várias razões, sendo a maior delas o engodo do pensamento
homogêneo, ou seja, quem pensa diferente não tem o que oferecer à referida
comunidade cristã. Lamentável, muito lamentável. É possível encontrar membros
fiéis a seus votos por ocasião de sua filiação, mas ser “excluído” pelas
lideranças das comunidades. Na verdade, para algumas, é até bom que os membros
que pensam diferentemente não se façam presentes nas reuniões e nas
celebrações.
Abdicar dos membros é um reducionismo da ação pastoral e
missionária, pois entre suas virtudes a igreja tem a tolerância e a
hospitalidade. A tolerância pode ser entendida como aceitar e respeitar os
outros e seus pensamentos divergentes, mas mantê-los à distância. Hospitalidade
pode ser entendida como convite para entrar em casa e cear. A tolerância pode
levar à hospitalidade, no entanto, considerando os contornos que as comunidades
cristãs vivenciam hoje, a intolerância é crescente e as portas dos templos
estão sendo fechadas para os membros professos com pensamentos divergentes e os
agentes pastorais estão se distanciando de parte de suas ovelhas.
A igreja para cumprir com seu papel na sociedade DEVE ser
hospitaleira e trabalhar com os diferentes e com os pensamentos divergentes e
nunca abdicar de seus membros, sob pena de desaparecer ou se transformar num
grupo de iguais que não sabe viver num contexto de contradição, como é a vida
em sociedade.
2 comentários:
Caro Sergio
Ainda bem que existe a ICI, Igreja Cristã de Ipanema. Uma Igreja séria, respeitável e que convive muito bem com as diferenças, por exemplo: deixa eu me expressar ecleticamente.
Abração.
Tens a mais absoluta razão.
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