Meu nome é Multidão I

Jesus expulsando legião por Alexander Chernitsky
Mas Jesus não deixou e disse: — Volte para casa e conte aos seus parentes o que o Senhor lhe fez e como ele foi bom para você. Leia Marcos 5.1-20

Texto baseado em sermão do rev. Garrison.

Quando você está só se lembra das coisas que o tem ferido? Já foi atormentado pelas falhas que tem cometido? Quando se encontra com pessoas que o fazem lembrar de seus fracassos você se sente mal? Vez por outra você sente alguma autoacusação? Pensa em punir a si mesmo por aquilo que tem feito de errado ou pelo que deixou de fazer?

A atitude dos outros fazem você se sentir incapaz, frustrado ou duvidar da sua própria capacidade? A rejeição dos outros simplesmente confirma o que você pensa de si mesmo? Alguma vez se sentiu separado ou alienado de si mesmo? Descobriu que não gosta da companhia dos outros mesmo quando não existe uma razão para isso? Já teve ambições ou fantasias de ser alguém diferente do que você é? A vida joga você em múltiplas direções até lhe deixar fora de si?

Claro que nós todos já nos sentimos assim. Então, após essa série de perguntas podemos nos aprofundar em nosso texto bíblico.

Quem era esse homem a quem todos chamavam de Multidão? Nas versões antigas seu nome era Legião, mas vamos ficar com a primeira e tentar imaginar como ele chegou a ter esse nome? Como foi conduzido a essa condição tão extrema? Se fizéssemos uma escala de um a dez para medir o grau de insanidade das nossas memórias. Se medíssemos o grau da alienação de nós mesmos e dos outros, da frustração com as demandas dessa vida, da nossa fragmentação ante as tensões que somos submetidos, com toda certeza, nessa escala, o Multidão alcançaria grau dez. Bom, se o grau dele é dez, então, qual seria o seu? Um? Dois? Cinco? Penso que eu estaria entre cinco e seis. Mas a verdade é que todos nós em algum grau temos os sintomas de multidão.

É claro que nenhum de nós está pronto para se castigar a ponto de ir morar no cemitério e nem é forte o suficiente para quebrar correntes de ferro, mas mesmo assim, às vezes, nós ficamos muito perturbados e arrasados, e ninguém fica sabendo.

De alguma forma precisamos perceber que nessa história existem os dois extremos. São Marcos nos mostra o extremo da necessidade humana na pessoa do Multidão, bem como mostra uma necessidade bem mais sutil do povo daquela região. Ambos estavam necessitados, mas nenhum dos dois lados queria ser curado. Assim como os espíritos maus que atormentavam o homem pediram a Jesus que não os expulsassem, também o povo pediu a Jesus que saísse da terra deles.

Certamente existe uma mensagem para nós nesse acontecimento. A semente que transformou aquele homem em multidão existe também dentro de nós. Existe na vida de todos nós a mesma desordem, mas antes de tratarmos dessa questão vamos fazer uma ressalva: O texto nos coloca num território bastante perigoso, pois se o lavarmos ao pé da letra e dissermos que o problema do homem era tão somente ser possuído por um espírito mau, nós estaríamos colaborando com Satanás e fazendo as pessoas pensarem que, de uma forma ou de outra, elas também estão possuídas. 

Complicando a história desse jeito, nós estamos deixando o povo vulnerável à influência demoníaca. Deste jeito ficamos completamente à mercê da sugestão dos outros. Quando alguém chega a imaginar ser essa a verdade, já deixou aberta a porta para o mal semear a destruição. Aqui está o perigo da superstição, acharmos que a situação se estabeleceu apenas por uma intervenção demoníaca da qual apenas uma fé inabalável nos livrará. O fato é que o Multidão só chegou àquele estado após experimentar uma série de contradições que negavam a natureza da criação de Deus na vida dele. A repetição compulsiva disso criou o ambiente propício para o mal prosperar. Foi através da deturpação de padrões delicados que se chegou a este limiar crítico. Vamos analisar esses padrões. (continua)

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