DISPERSÃO, SABEDORIA, ÂNIMO DOBRE

Martirio de São Tiago, Juan de Navarrete em 1568 
Trecho extraído do livrete Estudos em Tiago do rev. Paulo Schütz.

Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações. Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes. Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos. Tiago 1.1-8


Os evangelhos foram escritos “para que creiais (para que você cresse) que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (Jo 20.31). Tiago, entretanto, se dirige às doze tribos de Israel (1.1), isto é, àqueles que já crêem que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e desejam ter vida em seu nome. Ele escreve mais precisamente às doze tribos que se encontram na dispersão, isto é, que vivem, como você, no meio dos pagãos, de pessoas que não praticam a vontade de Deus.

A primeira comunidade cristã, ainda em Jerusalém, tinha tudo em comum, segundo Atos 4.32, mas a perseguição a obrigou a se dispersar pelo mundo pagão e a enfrentar situações como a que Tiago descreve no segundo capítulo de sua carta: de repente, ela se vê visitada por ricos e pobres. Esta realidade nova, própria do paganismo, leva a igreja a enfrentar várias provações, das quais vamos tomar conhecimento à medida que avançarmos na leitura de nossa epístola.

Essas provações, entretanto, não são algo para lamentar; ao contrário, são motivo de toda alegria, pois darão prosseguimento a uma ação que, quando completa, nos fará perfeitos e íntegros, em nada deficientes (1.4), tornando-nos aptos a receber a coroa da vida (1.12).

Essa ação começou com o anúncio do Evangelho, que produziu em nós a fé. Agora é a provação que, agindo com a fé, produz perseverança, que nos fará subsistir até a aprovação final.


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