Cobiça, dignidade e insignificância

 

Massacre da melhor esqquina, Botero em 1997

O irmão, porém, de condição humilde glorie-se na sua dignidade, e o rico, na sua insignificância, porque ele passará como a flor da erva. Porque o sol se levanta com seu ardente calor, e a erva seca, e a sua floreai, e desaparece a formosura do seu aspecto; assim também se murchará o rico em seus caminhos. Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.

Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos. Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas
. Tiago 1.9-18


Trecho extraído do livrete Estudos em Tiago do rev. Paulo Schütz.

De condição humilde é o irmão pobre que se encontra na situação do filho pródigo quando volta para casa, sem nada para oferecer, nem recursos materiais, nem boas obras. Mas, assim mesmo, é recebido com festa, porque ele tem uma dignidade que não foi conquistada por ele, mas é concedida gratuitamente pelo próprio pai, na qual deve se gloriar (Lc 15.16-24).

O rico é semelhante ao jovem que queria alcançar a vida eterna, ele deve desfazer-se de tudo quanto ajuntou, pois para nada serve e, reduzindo-se à sua insignificância, gloriar-se nela, pois só nesta condição poderá seguir o Mestre (Mt 19.21).

O rico sem sabedoria é atraído pelos bens materiais e por tudo o que eles representam: conforto, segurança, poder e, principalmente, pela sensação de superioridade que eles lhe dão, sobre os seus semelhantes. O pobre sem sabedoria tende a violentar sua dignidade, submetendo-se a quem possui bens materiais, porque supõe que o poder que aparentam ter possa trazer a solução de seus problemas. Mas os bens materiais perecem, murcham, e com eles aqueles que confiam neles. Só quem suporta, com perseverança, a provação receberá a coroa da vicia; da “vida eterna” que, como aprendemos no evangelho de João, começa agora.

Portanto, estão diante deles dois prêmios alternativos: o da cobiça, que dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte; e o lá do alto, toda boa dádiva e todo dom perfeito. O rico sábio persevera na busca da boa dádiva, mas gloria-se na sua insignificância, isto é, não usa riqueza para exaltar-se e subjugar seus semelhantes, porque sabe que, como a erva, seca, e a sua flor cai, e desaparece a formosura do seu aspecto. O pobre sábio persevera na busca do dom perfeito, gloriando-se na dignidade de filho amado de Deus, como forma de perseverar e resistir a situações de carência e opressão a que falsos senhores tentam submetê-lo.

Insignificância do rico e dignidade do pobre são obras da palavra da verdade através das quais Deus aniquila as consequências do pecado, gerando assim as primícias de suas criaturas. Primícias refere-se aos primeiros frutos de uma colheita, que pertencia por direito a Deus e, além disso, constituía uma amostra do que estava para ser colhido em breve, a garantia de uma boa safra. Ser sábio é deixar a palavra da verdade agir em nós, tornando-se propriedade exclusiva e de Deus e amostras do que está para ser feito com toda a humanidade.

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