O que é PERFEIÇÃO? I

Sacrifício no Primeiro Testamento, Rubens em 1626
Uma frase do Evangelho dá o próprio Deus como modelo de perfeição a ser imitado: Mt 5.48 - Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito. Esse preceito surpreendente ocupa no Segundo Testamento o lugar que ocupava no Primeiro o preceito do Levítico: Lv 11.45 Sede santos, porque Eu sou santo. Nota-se uma clara mudança de ponto de vista.

Santidade de Deus e perfeição. — O Primeiro Testamento fala mais de santidade do que de perfeição. Deus é santo, isto é, ele pertence a uma ordem totalmente diversa da dos seres deste mundo; é grande, poderoso, terrível; mostra-se também maravilhosamente bom e fiel; intervém na história com uma justiça soberana. Não é qualifi­cado de perfeito: em hebraico o termo só se aplica bem a seres limitados, a exemplo da palavra com­pleto em nossa língua. Mas fala-se de per­feição com referência às suas obras, sua lei e seus caminhos.

Exigência de perfeição. — Quando o Deus de santidade escolhe para si um povo, este povo, por sua vez, se torna santo, isto é, se­parado do profano e consagrado. Com isso mesmo impõe-se-lhe uma exigência de perfei­ção: o que é consagrado deve ser intato e sem defeito. Integridade física primeiro: ela é requisito nos animais oferecidos em sacrifício: Lv 22.22 - Não ofe­recereis a Javé animal cego, estropiado ou mu­tilado. A mesma lei vale para os sacerdotes e, até certo grau, para todo o povo; as normas sobre o puro e o impuro pormenorizam as respectivas mo­dalidades.

Tratando-se de pessoas, à integridade física deve acrescer a integridade moral. Israel sabe que é preciso servir a Javé com um coração perfeito, com absoluta sinceridade e fidelida­de, e que este ser­viço abrange a observância tios mandamentos e a luta contra o mal. Os desvios do sentimento religioso foram asperamente com­batidos pelos profetas: deve-se procurar a verdadeira justiça banindo a violência e o egoísmo, e vivendo na fé em Deus, no respeito ao direito e na bene­ficência. A ordem de Deus a Abraão: Anda na minha presença e sê perfeito é retomada em Dt 18.13, mais e mais mos­trava assim a riqueza de seu conteúdo.

Prática da perfeição. — Meditando nos exemplos dos antepassados, os judeus piedosos procuravam a perfeição na observância da Lei. Mas sua própria dedicação ao ideal aguçava certos problemas. Jó é um modelo de perfeição, homem íntegro e reto, temente a Deus e afastado do mal; por que é que a desgraça não o poupa? Essa dolorosa pergunta mantinha as almas abertas e na expectativa. (continua)

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