Vale da Sombra da Morte, João Ataíde em 2010 |
Basta um olhar rápido sobre a atribulada vida de rei Davi
para concluirmos que o mais conhecido salmo da Bíblia, cuja autoria lhe é atribuída,
não reflete mais do que uns poucos breves momentos da sua existência. No
contexto geral este salmo pode sim confirmar particularidades que foram muito
próprias à vida deste personagem bíblico. O simples fato de Davi ter sido um
pastor, já lhe credencia a fazer uma analogia profunda entre os atributos
inerentes à sua antiga profissão com o zelo com que Deus trata as suas
criaturas.
Podemos concluir também que na maioria das lutas que este rei travou, tanto dentro como fora de sua casa, a mão de Deus esteve sobre ele fazendo com que seu cálice transbordasse em sucessivas vitórias. Contudo, a grande inspiração deste salmo não nos leva primordialmente ao conforto, à segurança e à paz que ele transmite, mas à responsabilidade da qual esses momentos grandiosos proporcionados por Deus não podem nos fazer negligenciar.
Podemos concluir também que na maioria das lutas que este rei travou, tanto dentro como fora de sua casa, a mão de Deus esteve sobre ele fazendo com que seu cálice transbordasse em sucessivas vitórias. Contudo, a grande inspiração deste salmo não nos leva primordialmente ao conforto, à segurança e à paz que ele transmite, mas à responsabilidade da qual esses momentos grandiosos proporcionados por Deus não podem nos fazer negligenciar.
O salmo diz que por mais que andemos pelos vales
verdejantes, que repousemos junto a águas tranquilas, que a nossa alma esteja
gozando do refrigério da presença e do amor de Deus, um dia teremos
obrigatoriamente que passar pelo Vale da Sombra da Morte. A morte é uma
realidade até mesmo no salmo mais reconfortante da Bíblia. Talvez uma das
realidades que mais se fizeram presentes na vida de Davi, que além de passar
pelo inconsolável momento de ter que sepultar alguns de seus filhos, também
teve por diversas vezes a sua vida ameaçada. De ninguém mais do
que este rei podemos dizer que viveu entre essas duas realidades: a do vale da
luz e a do vale da sombra.
E isso nos leva a uma segunda conclusão: a grandeza da fé
declarada neste salmo não é pelo fato de que a fé subsistiu por causa das maravilhosas bênçãos
nele descritas, mas afirmar que a fé sobreviveu apesar das inúmeras adversidades transcorridas. Não estranhem, mas na Bíblia nós encontramos esses dois tipos de
fé: a fé condicional de Jacó, a fé por causa de. Aquela que antes de declarar a fé em Deus desfia um
rosário de exigências, como as descritas em Gn 28.20, que diz: Fez também Jacó um voto, dizendo: Se Deus
for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e
roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então,
o SENHOR será o meu Deus. Ou seja, uma fé que praticamente obriga Deus a se
tornar o sócio capitalista no seu empreendimento, onde Jacó entraria apenas com a fé e Deus com todo o restante.
Mas também podemos ver a fé incondicional, ou a fé a pesar de. A fé que transborda na profecia de Habacuque 3.17: Ainda que as figueiras não produzam frutas, as parreiras não deem uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador. A mesma fé que encontramos no salmista, quando relata que a fé insiste em reconhecer a soberania de Deus mesmo quando a sua visão não conseguia contemplar nada além de restos mortais, nada além de um vale sombrio com pequenos oásis de relva verde e um minúsculo riacho.
Mas também podemos ver a fé incondicional, ou a fé a pesar de. A fé que transborda na profecia de Habacuque 3.17: Ainda que as figueiras não produzam frutas, as parreiras não deem uvas; ainda que não haja azeitonas para apanhar nem trigo para colher; ainda que não haja mais ovelhas nos campos nem gado nos currais, mesmo assim eu darei graças ao Senhor e louvarei a Deus, o meu Salvador. A mesma fé que encontramos no salmista, quando relata que a fé insiste em reconhecer a soberania de Deus mesmo quando a sua visão não conseguia contemplar nada além de restos mortais, nada além de um vale sombrio com pequenos oásis de relva verde e um minúsculo riacho.
Conta-se que um homem andava pelas ruas de uma cidade
carregando um balde com água e uma tocha acesa. Quando lhe foi perguntado o
motivo que o levou a tal atitude respondeu: com
o fogo da tocha eu vou queimar o céu, e com a água do balde eu vou apagar o
inferno. Esse povo tem que entender de uma vez por todas que o amor a Deus não
pode ser jamais calcado no que ele pode fazer, e sim pelo que ele já fez por
nós.
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