A paz de Isaías, William Strutt em 1896. |
O SENHOR me disse:
“Você não será apenas o meu servo que trará de volta os israelitas que ficaram
vivos e criará de novo a nação de Israel. Eu farei também com que você seja uma
luz para os outros povos a fim de levar a minha salvação ao mundo inteiro".
Isaías 49.6
Como sabemos, este é um dos cânticos com que o profeta
Isaías nos fez conhecer antecipadamente quais seriam os atributos do Messias, a
quem, diferentemente de todos antes dele que esperavam um poderoso guerreiro,
nos apresenta não apenas como um humilde servo, mas como um servo que tem sobre
sim o estigma do sofrimento. De uma forma também adversa ao pensamento da
época em que se imaginava que a ação redentora de Deus viria exclusivamente para
a nação israelita, Isaías declara que o Messias veio para propagar a salvação universal.
De igual forma pensava a igreja primitiva e, se não fosse Paulo,
o Cristianismo estaria fadado a ser mais uma seita judaica. É impressionante como
esses dois, Paulo e Isaías, enxergaram um atributo do Messias tão incomensurável grande que nem
Elias, Eliseu, Amós ou todos os doze apóstolos enxergaram: o
amor incondicional de Deus a toda criatura. Pode ser que uns poucos depois deles tenham também percebido
isso de alguma forma e que estejam ou que estiveram, a despeito da igreja, se
empenhado nessa tarefa, mas com certeza o pioneirismo cabe a eles.
Eu já havia declarado nas postagens anteriores, quando
falei sobre o Cântico do Servo, que não saberia definir ao certo quem é quem.
De fato até hoje ainda não sei se Isaías é o Paulo do Primeiro Testamento, ou
se Paulo é o Isaías do Segundo Testamento, pois as semelhanças dos seus ministérios bem como o tema em que basearam as suas pregações se sobrepõem de forma
extraordinariamente assombrosa. Ambos vieram ampliar os limites da atuação do
povo que se chama pelo nome de Deus para muito além das fronteiras que
convenientemente estabelecemos. Ambos nos deram a conhecer um Deus católico, um
Deus universal. Mas uma coisa eu sei: Eu sei que todos aqueles que ao refletirem
pela primeira vez nessas palavras pensaram apenas em uma coisa: Como isso é
ruim para os negócios!
Claro que é, pois isso estende a nossa responsabilidade para
limites muito maiores do que nós mesmos nos propusemos aceitar quando chegamos
à igreja. Isso nos tira da tranquilidade do trabalho circunvizinho para nos lançar
em locais inóspitos e adversos. Isso confunde toda a contabilidade que fazemos
no planejamento anual de nossas igrejas. Isso nos tira da confortável certeza
de sabermos a quem haveremos de dedicar o nosso amor e quantas vezes devemos
efetivamente perdoar. De uma certa forma, nos sentimos até traídos, se levarmos
em conta as promessas e vantagens que nos foram oferecidas quando da nossa
adesão à igreja.
Não é com um sorriso largo que digo, mas esta proposta de Deus
em nada se confunde com o nosso esquema vigente de evangelização dos não
evangélicos ou das pessoas que professam outras denominações da fé cristã. A ordem direta de Deus
tem mais a ver com ser luz do que com ser ministro de qualquer outra coisa,
seja da Palavra, da oração, dos cânticos ou das profecias. A ordem de Deus
pouco leva em consideração a preocupação que temos em preservar as nossas
doutrinas. A ordem de Deus não está nem aí para o tamanho, a marca dos equipamentos de som dos nossos templos.
E agora a última pá de cal: Para o nosso desespero e total desestabilização, a ordem
de Deus está mais afeita à salvação dos outros do que propriamente à nossa
salvação. Se alguém põe em dúvida essas palavras deveria dar uma rápida olhada
no que aconteceu na vida dos dois pioneiros do evangelho que nos legaram essa
fé. Se isso não bastar, pelo menos que conheça o estado emocional em que
se encontrava o profeta quando recebeu de Deus esta mensagem que foi decisiva na
sua vida: Mas eu pensei: Todo o meu
trabalho não adiantou nada; todo o meu esforço foi à toa. Mesmo assim, eu sei
que o SENHOR defenderá a minha causa, que o meu Deus me recompensará. Isaías 49.4
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