Símbolos do Rosh Hashanah |
A expressão Rosh Hashanah, ou Ano Novo Judaico, na Bíblia é encontrada somente em: Ez 40.1 - No ano vigésimo quinto do nosso exílio, no princípio do ano, no décimo dia do mês, catorze anos após ter caído a cidade, nesse mesmo dia, veio sobre mim a mão do SENHOR, e ele me levou para lá. Sua data é incerta, pois segundo alguns textos do Primeiro Testamento caía no outono, e segundo outros, na primavera. Por isso que alguns autores afirmam que em Israel havia um ano civil começando no outono, e um ano eclesiástico começando na primavera. Porém, este modo de apresentar o calendário judaico é um pouco simplista, porque a cronologia desse povo variava de acordo com a finalidade, com o seu ambiente histórico e com a sua situação política.
O Ano Novo em tisri, no equinócio do outono, sempre foi considerado o início do ano na Mesopotâmia, pois daí deriva o nome do mês. tisritu é a palavra para começo. Além disso, em uma civilização em que a agricultura é a base da sobrevivência, nada mais natural do que o inicio do ano coincidir com o início de um novo ciclo que vai do plantio à colheita.
Em Israel, isso pode ser em parte confirmado pelo estabelecimento da data da festa da colheita, ou Festa dos Tabernáculos. Contudo, esta data dava mais ênfase ao fato de sair do ano, ou seja, mas parecia a celebração do fim do que propriamente do início do ano. Ex 23.16 - Guardarás a Festa da Sega, dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a Festa da Colheita, à saída do ano, quando recolheres do campo o fruto do teu trabalho. Também em Israel a colheita determinava o início do novo ano e o fim do ano velho.
Um outro indício sobre o modo do estabelecimento do período anual vem do modo como eles calculavam a duração dos governos dos seus reis. I Rs 6.1 - No ano quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, Salomão, no ano quarto do seu reinado sobre Israel, no mês de zive (este é o mês segundo), começou a edificar a Casa do SENHOR.
O Ano Novo em nisã. Os círculos sacerdotais queriam que esse mês que assinala o equinócio da primavera fosse o início do ano em Israel: Et 3.7 - No primeiro mês, que é o mês de nisã, no ano duodécimo do rei Assuero, se lançou o Pur, isto é, sortes, perante Hamã, dia a dia, mês a mês, até ao duodécimo, que é o mês de adar. Os deuteronomistas também contavam o ano a partir de nisã. Esse modo de marcar o início do ano é mais comum depois da morte do rei Josias, em 609 a.C.: Jr 36.9 - No quinto ano de Jeoaquim, filho de Josias, rei de Judá, no mês nono, apregoaram jejum diante do SENHOR a todo o povo em Jerusalém, como também a todo o povo que vinha das cidades de Judá a Jerusalém. Nada contraria a ideia de ser também fruto da influência babilônica em Israel.
Os macabeus, classe iminentemente sacerdotal, também calculavam o ano desse jeito, de primavera a primavera: I Mc 10.21 – Assim, no sétimo mês do ano cento e setenta, na Festa dos Tabernáculos, Jônatas começou a se apresentar com as vestes sagradas.
Ainda que o início do ano tivesse um caráter militar em que Deus era mais celebrado como Senhor dos Exércitos, esse elemento perdeu força pelo entusiasmo da liturgia pós-exílica. Mesmo que na Bíblia seja encontrado somente em Ez 40.1, o Rosh Hashanah sempre foi uma festa das três festas mais importantes do povo judeu. A festa que celebrava a vitória, fosse sobre os inimigos, fosse sobre as intempéries, marcava a presença de Deus por mais um ano no meio do povo, de um lado protegendo e de outro sustentando Israel com braço firme e propósito fiel.
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