João batizando pessoas, Nicolas Poussim em 1635 |
Em primeiro lugar, eu imagino que não seja exatamente a curiosidade de saber a localização exata do prédio onde esta funciona, mesmo que a pessoa diga, e isso se tornou um chavão, que um dia pretende visitá-la. Por todos os efeitos demonstrados, essa pergunta tende a ficar mais no campo da desconfiança do que propriamente no da curiosidade. Querem de fato saber se sou pastor e qual é o indício que eu tenho para apresentar que possa provar esta minha afirmação.
Em um tempo que já ficou no passado, as pessoas faziam uma imagem superdimensionada do pastor. Para elas era ele quem detinha o poder de fazer a oração mais eficiente. Na mesma expectativa, esperavam que ele tivesse a conduta mais ilibada possível, assim como a palavra mais sábia em todas as ocasiões. Todos sabem que a coisa não era bem assim. A própria Bíblia não se furta em registrar as “batatadas” dos mais iminentes teólogos, dentre eles o grande apóstolo São Paulo. Hoje em dia a desconfiança é bem mais cabida, pois os noticiários não descansam um dia sequer sem que uma nova falcatrua aconteça no meio evangélico. Falo apenas das novas, porque as antigas continuam se multiplicando.
Não foi diferente também com Jesus. Ao apresentá-lo como o Cordeiro de Deus, aquele que veio para remir definitivamente a humanidade; nas palavras de João Batista, aquele que tira o pecado do mundo, este mesmo João mostrou também uma imagem superdimensionada de Jesus. Era uma apresentação muito espetacular para aquele que se apresentava humildemente na sua condição humana. Qualquer Messias que se apresentasse como tal deveria ter pelo menos dois metros de altura, olhos azuis e barriga de “tanquinho”, isso sem falar dos apetrechos bélicos que portava.
Podemos notar que aqueles que ousaram traçar, no Primeiro Testamento, uma imagem antecipada do servo de Deus, aquele que teria como função precípua a redenção de Israel, também oscilaram muito nas suas conclusões. Isaías, por exemplo, o chama de Maravilhoso Conselheiro, Deus forte e Príncipe da Paz, mas também o vê como alguém de uma aparência horrenda, e em um estado mais o degradante possível.
Não teria sido essa uma das razões que fez com que André imediatamente quisesse saber o local em Jesus atuava? Não foi para confirmar a possibilidade de Jesus possuir um atributo tão além daquilo que a sua primeira aparência mostrava? Estamos falando de um Jesus de pé, com saúde e gozando liberdade plena. O que não diriam dele aqueles que o viram ser cuspido, açoitado e humilhado na presença de todos?
É importante que as pessoas nos conheçam como realmente somos. Não é o membro da igreja tal, que possui um enorme templo, arrecada x milhões de dízimo e conta com mais “trocentos” mil adeptos. É o servo de Jesus Cristo que elas precisam conhecer. Não é operador de milagres, o super ungido ou o que foi contemplado com a maior quantidade de dons que lhes interessa, mas aquele que tem para mostrar com suas próprias deficiências e fracassos o quanto Deus pode fazer por alguém tão parecido com eles mesmos. Pretendo continuar esta meditação. Talvez Deus me permita desenvolver mais um ou dois raciocínios que tenho em mente. Se não for possível, conclua você mesmo um final para ela. (continua)
Nenhum comentário:
Postar um comentário