O Ano Novo II

Exodus, minisérie de 2013
Eu não tenho tempo. Eu não posso agora. Estou com pressa.Todas essas frases são comuns e todos nós as repetimos a toda hora. Estamos dizendo com isso que não vamos viver para sempre. Estamos dizendo que precisamos que dividir o tempo limitado que temos. Posso usar o tempo que tenho da melhor maneira possível, mas não posso de forma alguma prolongar esse tempo. Nós podemos reduzir o nosso tempo de vida, mas aumentá-lo, nunca. Quando realmente descobrimos isso é um choque terrível.

Não quero colocar água no champanhe de ninguém, mas muitas dessas festas de réveillon que acontecem por aí têm a sua origem na nossa necessidade de afugentar a preocupação com o tempo, que de repente aumenta no final do ano. Nem quero também derramar o chopp, mas muito do uso de bebidas alcoólicas para embotar a consciência nessa hora, tem a sua origem no desejo de fugir dos sinais citados nessa meditação. Essa festa é uma espécie de brincadeira para tentar cobrir a ansiedade profunda que nós temos. Não passa de um divertimento que visa mascarar o problema não solucionado de nossas vidas. Então, onde vamos achar as respostas para as perguntas que perturbam a nossa existência? Por que estamos vivos? Para onde caminhamos? De onde viemos? Por que estamos nesse lugar nessa hora? O que é a realidade? A realidade é má e nos guia para a morte ou ela é boa e nos induz à esperança? E as perguntas mais cruciais de todas: tudo terminará bem no fim para os meus queridos e para mim? A vida triunfará sobre a morte ou não?

Em nosso medo de que tudo não termine bem, nós tentamos de todas as formas um caminho de fuga para não sermos derrotados pela morte. É estranho, mas cada um de nós acha que essa sensação de ser incompleto, essa sensação de ser insatisfeito é somente sua, mas não é não! Todas as pessoas sentem isso. Esse estado de tensão inquietante, de ansiedade constante, de incerteza e insegurança é a condição de quase todo mundo em quase toda hora. Só não percebemos e não queremos enfrentá-la. Por isso é que é tão difícil reconhecermos que essa falta de satisfação é o resultado da nossa separação de Deus, e o fim do ano serve para aumentar bem esse problema.

Um pensamento muito errado e que deveria ser erradicado de vez das igrejas é o que nos leva a pensar que a alegria e o otimismo estão lá fora na queima de fogos e na confraternização com pessoas estranhas, enquanto que os que se reúnem em culto de vigília ou mesmo nas suas casas devem buscar antes a contrição e o recolhimento espiritual. Mais do que qualquer outra pessoa, o crente em Jesus Cristo que volta para ele o seu pensamento nesse exato momento e que coloca a sua vida nas mãos dele nessa hora deve fazer seu corpo vibrar intensamente de alegria, e por motivos muito mais concretos. Esses conhecem bem a sua mortalidade, conhecem melhor ainda as suas limitações e não negam essa realidade, por isso não tentam fugir dela. Contudo, a ansiedade da morte cessa imediatamente quando nos sentimos seguros nas mãos de quem pode nos dar segurança, o Senhor que é senhor também do tempo.

Nós estamos em paz com Deus porque ele tem nos aceitado e tem nos amado como nós somos. Estamos em paz por que nós temos aceitado também as nossas falhas, porque todo o nosso passado, todo o mal que fizemos e que gostaríamos de apagar da memória, toda a nossa culpa, toda a nossa vergonha, toda a repugnância que temos de nós mesmos, não podem mais nos separar do amor dele. Foi ele quem acertou tudo, porque foi ele quem nos amou quando não merecíamos. É ele quem estará à frente de todos esses trezentos e sessenta e cinco dias do ano que virá. Por tudo isso, tenhamos a certeza de nada poderá nos atingir sem que antes tenha passado pela sua inspeção e pelo seu conhecimento. E quando tivermos percorrido todo o corredor de 20??, quando tivermos passado a última hora, quando estivermos respirando o último ar, a grande verdade é que ele estará nos esperando.

Paulo dizia que temos essa vitória por meio daquele que nos amou. Dizia mais ainda, que nem a morte, nem a vida; nem a coisa do mundo presente, nem as do futuro; nem os homens e nem os anjos; nem os governos e poderes; nem o mundo que está acima de nós, nem o que está abaixo de nós; nada, absolutamente nada pode nos separar do amor de Deus em Cristo Jesus. Nessa confiança entremos com alegria nesse Ano Novo.

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