Embargos infringentes da fé I

O fariseu e o publicano, Revista Sentinela (?)
Quando este povo ou um profeta ou um sacerdote lhe perguntar: ‘Qual é a mensagem pesada da qual o Senhor lhe encarregou? ’, diga-lhes: ‘Vocês são o peso! E eu os abandonarei’, declara o Senhor. Jeremias 23.33 (NVI)
O país está prestes a assistir mais uma vitória da astúcia sobre justiça. A nação se prepara para se indignar com o livramento de réus condenados, que, por um subterfúgio da lei, podem tem as suas penas abrandadas ou mesmo anuladas. Isso já não deveria ser tão doloroso para mim que vivi numa época em que os reconhecidamente corruptos detinham o poder de julgamento sobre toda a sociedade que, sob ameaça de exílio e morte, era impedida de se manifestar, pois estes estavam acima do bem e do mal, mas é.


Porém, não é sobre a política partidária o objetivo deste blog. Mas aproveitando este gancho, eu gostaria de chamar a atenção para os embargos infringentes que hoje campeiam livremente pela igreja cristã. Queria trazer para uma discussão franca os vários e inéditos recursos que estão sendo usados pela igreja de hoje, que não somente mudaram radicalmente a sua participação e influência na sociedade, mas também a sua imagem pública e seus propósitos mais imediatos. Para tanto, seria necessário que escavássemos as raízes mais profundas da nossa fé para conhecer os nutrientes que a fizeram vingar contra todos os prognósticos, bem como identificar a fonte da água sem contaminação denominacional que ela bebia. Precisamos abrir a pedra fundamental da igreja para redescobrir o que os nossos ancestrais na fé deixaram registrado para a nossa orientação segura. Precisamos também desvendar os segredos que ficaram ocultos, encobertos por dois mil anos na poeira dos tempos. Assim, como quem acha um tesouro escondido no campo, não descansa e nem vacila até que ela seja totalmente redescoberto.

Começaremos no tempo em que Jesus passou a reunir um pequeno grupo de seguidores, cuja proposta única era a inauguração de um novo governo: um governo de justiça. Mas isso não se daria pela simples troca de poderes, mas pela mudança de mente e, principalmente, de atitude. Jesus tinha a exata noção da precariedade da sua proposta, tanto que comparou o seu governo a um ínfimo grão de mostarda. Mas ele tinha também a exata noção do seu poder de alcance, pois também disse que ele cresceria para que todas as aves do céu pudessem se abrigar sob os seus galhos, e que neles as aves fariam seus ninhos.

Ele falou que isso deveria começar através de transições sutis, porém drásticas e até então impensadas. Falou em amar os inimigos. Falou que os amaldiçoados pela lei, na verdade, eram os bem aventurados de Deus. Falou que prostitutas e pessoas de índole má, neste governo, precederiam muitos dos que eram considerados justos. Falou que o primeiro era o último e que o menor era o maior. Que neste governo duas moedas poderiam valer mais que grandes somas. Em uma declaração bastante desencorajadora disse que aqueles que aderissem a este novo governo sofreriam ameaças, perseguições e consequentes perdas de vidas e de bens materiais. Depois de descritas todas as mazelas ainda teve a coragem de chamar tudo isso de boa notícia, melhor dizendo: evangelho.

Em resumo, esta era uma proposta na qual algumas pessoas mostrariam com o seu modo simples de viver, em uma atitude que muita gente chamou de fé, que esse novo estilo de vida, era possível, era bom e no final das contas seria inescapável. Por esta forma de governo ser simples, eficaz e abrangente, qualquer mudança nos planos iniciais estaria fadada ao fracasso, assim como fracassaram todas as formas de governos criadas por nós, os humanos.

Aqui cabe uma pergunta: se este governo é tão bom e funciona tão bem quanto dizem, por que ele ainda não é uma realidade? Por causa dos embargos infringentes articulados pela igreja, e que ainda estão vigentes hoje. Vamos tentar descobrir alguns na próxima oportunidade. (continua)


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