Jesus e Zaqueu, Basílica de São Marcos, Veneza |
Após este mal estar, Jesus entra em Jericó e no encontro com Zaqueu revela algo importante sobre o julgamento de Deus. Zaqueu, apesar de ser um homem riquíssimo, tem dois problemas: O primeiro é que todos na sua cidade o odeiam. Ele era um traidor do povo judeu. E segundo, o povo o desconsiderava por ser de baixa estatura. Talvez fossem esses dois motivos que o impediam de chegar perto de Jesus, por isso ele teve que subir numa árvore. Mas Jesus o descobriu lá cima e disse que queria ficar na casa dele. Este convite deixou Zaqueu eufórico, mas também deixou o povo ressabiado. Porque motivo Jesus iria se hospedar na casa de um pecador confesso?
Existe um paradoxo aqui e para entendê-lo vamos precisar recorrer à parábola do fariseu e o publicano. Na nossa vida cristã nós nos espelhamos sempre no bom fariseu e, com a mesma intensidade, rejeitamos o mau publicano. Mas nesta parábola, foi o mau que voltou em paz para casa. Foi o publicano que saiu justificado. Como pode ser assim? Se quisermos ser honestos nós vamos ter que detestar esta parábola. Para aceitá-la teríamos que no mínimo acrescentar algo e imaginar que o publicano tenha voltado ao templo, demonstrando alguma melhora no seu caráter e com o discurso do fariseu na ponta da língua: Eu te agradeço, ó Deus, porque agora não sou como os outros publicanos. A parábola viva de Zaqueu que revelar o nosso erro de julgamento quando insistimos nessa atitude que queremos sempre ver nos pecadores: um publicano fazendo o discurso de um fariseu.
Bom, depois do belo e arrependido discurso, era de se esperar que Jesus dissesse para Zaqueu: Hoje a salvação entrou na sua casa porque você se arrependeu, fez o bem aos pobres, devolveu tudo o que havia roubado e agora é um homem reto. Quem é que não pensa assim? Não era isso mesmo que gostaríamos de ouvir? É bem provável que isso tornasse Zaqueu grande entre os seus vizinhos, o fizesse um verdadeiro patriota ante a sua comunidade, mas não foi exatamente assim que Jesus concluiu o seu encontro com Zaqueu. Contrariando a toda nossa lógica de bons cristãos, Jesus reedita o resultado da parábola do fariseu e do publicano e diz: Hoje a salvação entrou nesta casa, porque o Filho do Homem veio buscar quem está perdido. Porque este também é um descendente de Abraão.
Assim como Deus rejeitara a oração do fariseu, Jesus rejeita o discurso de Zaqueu para colocá-lo no único lugar onde ele poderia receber um julgamento favorável. E esse lugar é o último, não é o primeiro. Esse lugar é o menor, não o mais importante.
Bom, depois do belo e arrependido discurso, era de se esperar que Jesus dissesse para Zaqueu: Hoje a salvação entrou na sua casa porque você se arrependeu, fez o bem aos pobres, devolveu tudo o que havia roubado e agora é um homem reto. Quem é que não pensa assim? Não era isso mesmo que gostaríamos de ouvir? É bem provável que isso tornasse Zaqueu grande entre os seus vizinhos, o fizesse um verdadeiro patriota ante a sua comunidade, mas não foi exatamente assim que Jesus concluiu o seu encontro com Zaqueu. Contrariando a toda nossa lógica de bons cristãos, Jesus reedita o resultado da parábola do fariseu e do publicano e diz: Hoje a salvação entrou nesta casa, porque o Filho do Homem veio buscar quem está perdido. Porque este também é um descendente de Abraão.
Assim como Deus rejeitara a oração do fariseu, Jesus rejeita o discurso de Zaqueu para colocá-lo no único lugar onde ele poderia receber um julgamento favorável. E esse lugar é o último, não é o primeiro. Esse lugar é o menor, não o mais importante.
Mas o que significa ser descendente de Abraão? Significa que a salvação não se deu pelas boas obras de Zaqueu, mas unicamente pela sua condição de ser um perdido. Ele era mais um perdido na longa história da preferência de Deus pelos perdedores. Mais um na predileção de Deus por fabricantes de ídolos, como Abraão; por assassinos, como Moisés; por adúlteros, como Davi; por safados, como Jacó; por atrapalhados, como Jeremias, por perseguidores cruéis, como Paulo; pelo que não presta, como Nazaré da Galileia; por gente má e inconsequente, como nós.
Jesus está declarando a única meta que deve ser levada em conta no julgamento de Deus é essa: Salvar o perdido. Nunca será julgado o que somos ou o que fazemos na nossa vida, porque assim todos estaríamos sumariamente condenados. Por causa disso que ele nos julgará apenas depois que nos restaurar na grande ressurreição. É o que ele diz para Zaqueu: Eu não tenho compromisso algum com a sua história triste. Estou caminhando para a morte justamente para negar e apagar todo esse seu passado. A salvação entrou na sua casa, mas não foi pelo que você fez, mas sim pelo que eu vou fazer em Jerusalém: dar a minha vida para salvar muita gente.
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