Novos desafios

Deusa Diana, Saint-Pierre (1833-1916)
Leia Efésios1.15-23

Diferentemente de quando escreve aos coríntios e aos gálatas, Paulo abre a epístola aos efésios de forma alegre e vibrante. Muito embora os estudiosos digam que a carta aos efésios não foi dirigida exclusivamente a eles, é sim um tipo de carta circular onde várias cópias são escritas, e somente depois é colocado o endereço do destinatário. Talvez por isso que o meu louvor a Deus e à sua infinita sabedoria seja ainda maior, por ter permitido que se preservasse justamente este exemplar, pois se tivéssemos que eleger a capital do paganismo no mundo antigo, certamente Éfeso séria a nossa escolha.

A cidade portuária de Éfeso foi um dos mais importantes polos de comércio do Império Romano. Por seu porto e suas ruas, além de mercadorias, circulavam credos, filosofias e práticas religiosas de todo os confins do império. Abrigava também, o conhecido Templo de Diana, que além de ser enumerado por Homero como uma das sete maravilhas do mundo antigo, segundo ele próprio era o de maior beleza e grandiosidade. Disse certa vez: “Quando vi o Templo de Diana, todas as maravilhas se ofuscaram”. 

Não era somente uma dentre as maravilhas, era simplesmente a maravilha das maravilhas. A mais bela obra da engenharia até então era dedicada a uma deusa pagã. Diana para os romanos ou Artêmis para os gregos, era a deusa mais cultuada por estes povos. Este fato não causa nenhum espanto, pois para estes dois povos somente uma coisa refreava a sua ânsia de morte e de conquistas: a necessidade de fazer escravos. É bastante lógico que os povos que possuem estas características venham a adorar os deuses que se anunciem por seus atributos bélicos.

É neste contexto que nasce a pequena, frágil e humilde Igreja de Éfeso. Contra todas as expectativas ela não somente sobreviveu, o que seria excepcional. Da mesma forma que não se limitou a prosperar, o que seria muito além do esperado. Paulo vibra com os cristãos de Éfeso por eles terem conseguido projetar a sua fé em Deus e o amor para com o próximo para além de suas fronteiras. “Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações”. disse o apóstolo. Daí a nossa euforia, do apóstolo Paulo e minha, por este fantástico testemunho que enche de orgulho a fé cristã de todos os tempos.

Qualquer pastor transbordaria de orgulho e alegria se um elogio desta magnitude fosse dirigido à sua igreja. Os membros ficariam mais do que exultantes com o desempenho da sua comunidade de fé.  Qualquer um faria o mesmo. Qualquer um não. Paulo exigiu mais, e não é de se estranhar, porque este era o mesmo critério que usava para si: não se acomodar com as coisas conquistadas. “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo.”  Paulo achava excepcional o trabalho que os cristãos de Éfeso estavam realizando, contudo, orava a Deus para que ele lhes acrescentasse uma visão mais madura na caminhada na fé. Orava insistentemente para que Deus lhes concedesse um espírito de sabedoria, em outra tradução, a graça do conhecimento para que novos desafios fossem transpostos.



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