Se não podes com ele...

Bancada Evangélica, a expressão mais repugnante dos 500 anos da Reforma
Se você se cansa apostando corrida com os homens, como é que vai correr mais do que os cavalos? Se você não se sente seguro numa terra de paz, como é que vai conseguir viver nas matas do rio Jordão? Jeremias 12.5

Há um clamor de revolta na Igreja Metodista contra o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Aureo. Leigos e pastores se mostram inconformados, não somente pelo fato de terem votado nele, como também pela maciça campanha que fizeram dentro dessa igreja para a sua eleição à Câmara dos Deputados. Todos estão se sentindo traídos porque jamais imaginaram que um candidato frequentava os bancos de uma das suas mais atuantes congregações não fosse se mostrar, ainda que superficialmente, digno da honrosa tradição que esta denominação ostenta na história política de vários países ao redor do mundo.

Emenda que visa amordaçar a Internet; apoio incondicional a um governo comprovadamente corrupto, aliança ferrenha com a bancada mais famigerada daquela casa, a autodenominada Evangélica; aval às mais flagrantes violações aos direitos do povo brasileiro são apenas algumas das legendas que marcam a sua atuação política. Contudo, penso eu, nada disso justifica a indignação dessa igreja contra esse que se fez, indevidamente, seu representante. Isso deveria ser mais do que esperado. A culpa recai exclusivamente sobre aqueles que votaram, sobre aqueles que propagaram seu nome e sobre aqueles que silenciosamente permitiram que tal capítulo se encerrasse com esse triste fim.

Lembro-me muito bem da cruzada solitária que o dr. João Wesley Dornellas travou contra essa improbidade na igreja. Ele dizia a altos brados que a igreja jamais poderia se comprometer com a política partidária e muito menos ainda fechar questão em torno do nome de um candidato. O profeta maldito por muitos, bendito de Deus, mais uma vez tinha razão, e mais uma vez nos fizemos surdos às suas denúncias. Pena que ele não está mais entre nós para nos desafiar com o seu olhar crítico e indicar o caminho da retratação, mas não sem antes pronunciar na nossa cara aquelas três amargas palavrinhas: Eu não disse?

O que fazer nessa hora, além de dar razão ao Dornellas? Ficar tristes pela escolha mal feita? Revoltar-se contra Deus, como fez Jeremias nos quatro versos anteriores aos da nossa meditação? Ficar se perguntando por que prospera o caminho dos perversos? Atentar mais seriamente para o texto sagrado deste mesmo profeta, principalmente quando ele diz: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor? Tudo isso pode ser válido, mas até certo ponto, pois o que realmente fará diferença nessa hora é mostrar ao mundo, com atitudes concretas, o nosso repúdio a esse falso metodista; declarar com propósito explícito que erramos ao indicá-lo, mas que não pactuamos com o seu erro. Queremos, sim, ver o Reino de Deus e a justiça sobre a qual se pauta a sua excelência, prevalecer sobre toda iniquidade.

Se voltarmos ao texto, veremos que foi o próprio Deus quem respondeu ao lamento póstumo de Jeremias, devolvendo a ele a consciência de que era somente sua a responsabilidade de por um fim àquele estado de coisas: Se você fica aí se lamentando porque não pode com um só homem, como pretende cumprir o meu mandato de investir contra os portais do inferno? Se você não se sente revestido do poder de Deus dentro da sua igreja, como pretende confrontar o mundo tecnologicamente hostil com a loucura da mensagem do evangelho?

Eu sei que muitos esperam pela sua conversão, porque inocentemente imaginam que a relação da igreja com seus membros esteja fundamentada unicamente no perdão. Eu recomendaria a essas pessoas que meditassem com mais clareza sobre a atitude que Paulo tomou contra Himineu, Alexandre e mais alguns: Eu já entreguei a Satanás para serem castigados, para que aprendessem a não blasfemar mais. I Timóteo 1.20

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