Sacrifício de Caim e Abel, autor não identificado |
A fumaça na Bíblia, assim como o fogo, tem acompanhado
diversos tipos de manifestações de Deus no meio do seu povo. Contudo, nenhum
nem outro são sinais evidentes de que as circunstâncias estão alinhadas com a
sua vontade. Há, inclusive, fumaça que é aceita e a que é rejeitada. Vide os diferentes
tratamentos com sacrifícios de Caim e Abel em Gn 54.5. Da mesma forma, o que nos
parece surreal, há também diferenças entre um fogo e outro. Esse tema foi
tratado nas postagens Fogo estranho e Fogo estranho de novo trazidas por este
blog. Sem querer ser repetitivo , volto a abordar o assunto, tendo em vista a
atuação da igreja diante do momento político que estamos vivendo.
Pelo que dá para perceber nitidamente, nem igreja e nem a
população em geral estão sabendo distinguir o bem do mal, a luz da escuridão, o
doce do amargo, como nos alerta Isaías 5.20. Não se leva em conta a vida
pregressa ou menos a conduta de um passado recente das pessoas que se imbuem de
autoridade. Para o povo, todo evangélico, principalmente aqueles que ocupam
cargos públicos, é safado, o que contraria em gênero e grau a opinião da
maioria das igrejas, que tem em conta como retidão apenas a sua filiação à sua
denominação. Por outro lado, a população dá a sua resposta em igual intensidade,
analisando superficialmente a atitude isolada do servidor público em questão
naquele momento. Ninguém parou para pensar que os que estão agindo corretamente
não fazem nada além do que foram comissionados a fazer, e que nada disso
encobre ou redime iniquidades por ele praticadas no passado. Ninguém se dá
conta de que juiz é aquele que julga com justiça e imparcialidade. Parece até
coisa de outro mundo quando a Bíblia nomeia tais indivíduos por raça de
víboras, túmulos caiados, lobos em pele de ovelhas, jamais por autoridades .
Assim como a fumaça e o fogo na Bíblia, pessoas e atitudes não
podem ser acolhidas prontamente como desígnio de Deus, embora possam estar,
naquele momento, recheadas de boas intenções, de serem plenamente condizentes
com a vontade popular ou mesmo com o que a Bíblia ensina, porque as suas mãos
continuam sujas de sangue inocente. Reparem que não estamos tratando aqui do
perdão de Deus, mas sim do amor às pessoas e a aversão ao mal, que é a única chancela
que garante que tal perdão foi devidamente assimilado por meio de uma vontade
irrefreada de reparação total da iniquidade praticada.
Arreda-te de mim
Satanás! Porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens. As palavras
de Jesus registradas por Marcos 8.33 deveriam ser a derradeira proposta da
igreja para as pessoas que delineiam o momento político atual. Aquele que está
gritando contra a roubalheira atual é o mesmo que há pouco tempo também
roubava. Ambos têm telhado de vidro, e não se iluda a igreja de que um ou outro
lhe servirá de abrigo contra a tempestade que se forma no horizonte político.
Muito antigamente a igreja cantava um hino que era a
expressão dessa entrega e confiança. Um hino que canta a vitória, mas a vitória
dos nossos ideais e das nossas expectativas, e sim a vitória do Reino de Deus. O desejo do autor mostra a
sua confiança pelo simples fato de querer estar presente e poder contemplá-la
em um futuro que não sabe quando e de um modo que não sabe como, pois assim
escreveu.
Quando enfim chegar o
dia
Do triunfo do meu Rei,
Quando enfim chegar o
dia,
Pela sua imensa graça eu
lá estarei!
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