Homem de Deus

Homem de Deus por Zidutch
A despeito do que muito se afirma sobre algumas pessoas dizendo serem elas homens e mulheres de Deus, a Bíblia confere esse título a um personagem bem diferente do que estamos acostumados. A leitura do texto indicado já nos fornece alguns elementos, porém, uma análise dele, ainda que superficial, vai nos mostrar as características fundamentais dessa figura exaltada pelo escritor do livro dos Reis.
Eu sempre pensei que todo profeta, ou pelo menos aquele que a própria Bíblia chama de profeta, fosse homem de Deus. Eu sempre pensei como Caim, que tudo aquilo que dedicarmos a Deus teria que ser imediatamente aceito, e ai dele se não aceitasse. Não estou sozinho nessa, pois o que mais se tem ouvido nas igrejas é "eu declaro" e "eu determino". É tanta autoridade que ai de Deus se não obedecer. O meu medo não é que Deus excomungue esses pregadores e sim que eles excomunguem o próprio Deus. Seria bom pensarmos no assunto porque este texto mostra exatamente o contrário. Mostra que existem absurdas diferenças entre o que nós entendemos como coisas de Deus, e aquilo que ele realmente aceita como sendo seu. 
A primeira que se pode observar no texto é que a Palavra de Deus é mais dura, mais resistente e mais duradoura do que qualquer altar. Seja ele do tamanho que for; seja ele feito de que tipo material tenha sido feito; tenha ele o número de fiéis e simpatizantes que tiver. Nada disso fará diferença se ele entrar em rota de colisão com a Palavra de Deus. O seu destino já está traçado: vai fender, vai rachar e vai quebrar, não importa o tamanho da nossa boa vontade, nem se foi feito de bom coração. Eu tento imaginar a cara que os discípulos de Jesus fizeram quando ele disse que da maravilha que era o templo de Jerusalém não ficaria pedra sobre pedra. Não estamos falando de qualquer igrejinha não. Estamos falando daquilo que os historiadores classificam como a maior obra da engenharia humana de todos os tempos. Maior do que todas as antigas e atuais maravilhas. Pois até ele rachou, quebrou e desapareceu.
Foi através da dor causada pela destruição do templo que os judeus descobriram que Deus não tem religião, não tem preferências raciais e nem uma nacionalidade. Sabem o que isso nos diz respeito? Da mesma forma que os judeus contemporâneos de Jesus pensavam ser o Judaísmo, nós os cristãos temos a pretensão de afirmar que o Cristianismo é a religião de Deus. Será que também vamos ter que passar por uma tragédia deste porte para compreender de vez que o Cristianismo não foi nem a religião de Cristo, que ele não fundou religião alguma. Ele fundou sim uma igreja, eclésia, uma comunidade de fiéis, mas não colocou placa chamando-a de igreja isso ou aquilo, nem de igreja cristã ele a chamou. Este nome era um pejorativo que passou a ser dado a qualquer ser humano que tivesse atitudes de humildade ou que tivesse pouca lucidez no raciocínio. Porque amar o inimigo, dar a capa a quem te toma a túnica e acreditar num Deus que morre, era coisa de quem não tinha juízo algum. Foi daí que surgiu o nome do qual tanto nos orgulhamos. (continua)


Leitura: I Reis 13.1-22

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