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O substantivo grego evanggelium
significa remuneração para quem traz uma boa notícia, como também a própria boa
noticia. Nesse sentido encontra-se algumas vezes nos LXX (II Rs 4.10; II Rs 18.22-25);
onde não tem sentido religioso. Isso já não se pode dizer do verbo evanggelixein (evanggelixeistai; hebr. bassèr)
que, sobretudo em Isaías 40-66, significa a mensagem da salvação escatológica (Is 40.9;
Is 52.7; Is 60.6; Is 61.1; cf. Sl 96.2).
Os textos do Segundo Testamento que usam o termo são, em
parte, continuação direta dos textos de Isaías: Mt 11.5 ("aos pobres é
pregada uma boa-nova” = Is 61.1); Lc 4.18; Lc 4.43; cf. também Mc 13.10. Nestas
palavras de Jesus manifesta-se a sua consciência de realizar, pela sua
pregação, as profecias e de anunciar a vinda do Reino de Deus. Jesus traz a
boa-nova dos últimos tempos tão longamente esperados (Escatologia). Quanto à
frequência do uso dos termos: o verbo encontra-se uma vez em Mateus, 10 vezes
em Lucas, 15 vezes nos Atos, 21 vezes em S. Paulo, 2 vezes em Hebreus, 3 vezes
em I Pedro s no Apocalipse. O substantivo assim está no Segundo Testamento:
Mateus 4 vezes, Marcos 8 vezes, S. Paulo 60 vezes, I Pedro 1 vez, Apocalipse 1
vez. Pode-se dizer, portanto, que no Segundo Testamento evangelho é
principalmente um termo paulino. A evolução semântica desse conjunto de
palavras, religiosamente tão importante, deu-se, ao que parece, da seguinte
maneira: a base está no Primeiro Testamento, que emprega o verbo em sentido
religioso, como o anúncio da salvação, em Isaías 40-66; o substantivo lá não se
encontra; a pregação de Jesus continua com o mesmo uso da palavra, mas se serve
principalmente, e talvez até exclusivamente, do verbo, e não do substantivo
evangelho; alguns negam que Nosso Senhor tenha empregado pessoalmente a palavra
evangelho, (i. é, o seu equivalente aramaico); em todo caso parece que foi
relativamente poucas vezes. Sobretudo S. Paulo foi quem deu ao substantivo o
lugar importante que ocupa na literatura do cristianismo primitivo, e ele até
usa o substantivo com muito mais frequência do que o verbo. Embora o sentido
que S. Paulo dá ao termo possa ser explicado inteiramente pelo ambiente judaico
e cristão; é provável que a preponderância do substantivo nos seus escritos
seja também determinada pela importância religiosa que o termo neste meio tempo
ganhou no mundo greco-romano, na linguagem dos oráculos, e nomeadamente no
culto dos imperadores. É interessante que no Evangelho e nas cartas de São João
não se encontram nem o verbo nem o substantivo; também Lucas nunca emprega o substantivo.
O significado de evangelho no Segundo Testamento pode ser explicado do seguinte
modo: é a boa-nova da salvação divina que apareceu em Jesus Cristo; a boa-nova
que inaugurou a era nova, definitiva (mundo). Em S. Paulo o termo pode
significar tanto a ação da pregação que tem Deus por principio, como também o
conteúdo dessa pregação. No Segundo Testamento a palavra evangelho nunca
significa o evangelho escrito; tal sentido só se encontra a partir de Justino
(Apologia 66 e Carta a Diogneto 11.6).
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