Davi e Golias por JJ Trube |
Gigantes, no hebraico n'fillm,
têm algum papel no folclore de muitos povos. Também o Primeiro Testamento os
conhece: comparados com gigante, os homens comuns são apenas gafanhotos (Nm 13.33);
os gigantes são altos como cedros e fortes como carvalhos (Am 2.9); Golias
tinha seis côvados e um palmo de altura (I Sm 17.4), a cama de ferro (sarcófago?)
de Og tinha nove côvados de comprimento e quatro de largura (Dt 3.11).
Naturalmente, um sujeito de tais proporções devia ser formidável guerreiro (Gn
6,4). Golias vestia uma couraça de uns 80 kg, e manejava uma lança igual a um
órgão de tear (I Sm 17.4; II Sm 21.16); em Ez 32.27, os gigantes dos tempos
primevos descem para os infernos, com toda a sua armadura. As proezas de
Sansão, que matou mil filisteus com uma queixada de jumento (Jz 15.15; II Sm
23.8-18), e arrancou a porta da cidade de Gaza, com ombreiras, portais, e tudo,
levando-a até ao cume de um monte, pertencem igualmente ao gênero das narrações
sobre gigantes. Nas narrativas populares profanas, os gigantes muitas vezes são
apresentados como desajeitados e bobos. Esse elemento, ao que parece,
encontra-se também na Bíblia: Golias, apesar de pesadas armas, é abatido por um
pastorzinho desarmado, mas esperto (I Sm 17.7). Sansão deixa Dalila furtar
astutamente o segredo de sua força (Jz 16.16). Baruc 3.26 atribui a ruína dos gigantes
primevos à sua falta de sabedoria. Para ilustrar a progressiva degeneração
moral do gênero humano, o autor do Gênesis inseriu uma tradição a respeito de
uma raça de titãs, que teria nascido da união de filhos de Deus com mortais, e
cuja maldade é apresentada como a causa do dilúvio (Gn 6.1-4); sobre a
insolência dessa gente, que se teria revoltado até contra Deus, falam Sabedoria
14.6; Eclesiástico 16.7; III Macabeus 2.4 e provavelmente também Job 22.15. Esse
tema foi amplamente elaborado no livro de Henoc (aeth) 6; 15.
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