Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, Daum |
Nas narrativas da entrada de Jesus em Jerusalém existem
algumas questões que não querem se calar. Por exemplo: Por que um homem que
nunca se autoproclamou Messias é reverenciado como tal? Por que um Messias que
deveria ser o protótipo do guerreiro libertador de Israel nunca pegou em uma
arma, não expulsou os invasores de seu país e ainda assim é reverenciado por
metade da população mundial? Por que todo o alvoroço causado por Jesus e por
seus potenciais apóstolos não causou apreensão às autoridades romanas? Por que homens
que tiveram maior projeção com Messias em suas épocas foram completamente
esquecidos pela História. Por que um carpinteiro pobre que, contra todas as
expectativas, após ter conseguido galgar o posto de Messias, de repente é visto
como o próprio Deus?
A fé cristã fundamenta-se em parte neste mistério que foi o
anúncio e o cumprimento de profecias que foram aguardadas com ansiedade por
séculos. De uma forma ou de outra herdou do Judaísmo esta expectativa do que
está por vir. Por isso é que muitos continuam aguardando, não mais a primeira,
mas segunda vinda do Messias. Não mais como guerreiro libertador e organizador
do estado de Israel, mas aquele que vem pôr um fim a todas as coisas e condenar
as pessoas que se declaram contrárias à vontade de seu Pai. De repente, após a
sua ressurreição, Jesus não é mais visto apenas como o Messias prometido, mas
como Deus encarnado. O Deus que transgride o seu primeiro e mais importante
mandamento e se configura com uma imagem.
A entrada triunfal em Jerusalém continua sendo como a
parábola do tesouro escondido. Somente aqueles que tiveram a felicidade de
encontrá-lo naquele dia, tiveram a boa vontade de, dispondo-se a entregar o que
tinham à mão, suas vestes, seu tempo e sua racionalidade, para saudá-lo com
salmos e hinos, a despeito da desconfiança do mundo.
A entrada de Jesus em Jerusalém foi como a parábola da fé,
que começou simples e singela como um grão de mostarda, mas que se transformou
numa frondosa árvore, onde todas, indistintamente todas as espécies de pássaros vêm
para fazer seus ninhos.
Que a simples lembrança desta entrada nos faça esquecer para
sempre das nossas pequenas e egoístas reivindicações, para possamos celebrarmos
a chegada daquele que realmente pode responder aos anseios da humanidade na sua
mais profunda e sincera necessidade.
Leitura: João 12.12-19
Leitura: João 12.12-19
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