Caim e Abel, baixo relevo em marfim. Louvre |
O texto que narra o primeiro homicídio é uma abordagem fria
de um mal que, embora não estejamos livres de cometer, pelo menos estamos quase
certo de que não o faremos, ou ele tem algo mais a nos dizer? Na cultura
patriarcal o filho mais velho sempre representou o poder. Caim era o sucessor
imediato de Adão, aquele que receberia a maior parte da herança. Por que a Bíblia repete sistematicamente este
tema? Foi assim com Jacó e Esaú, com Ismael e Isaac, com Raquel e Lia. Não seria
porque este é um retrato fiel da antiga luta entre os grandes latifundiários e
os pequenos pecuaristas em um país iminentemente agrícola? Não seria também a
sentença sobre aquilo que o mundo julga ser imutável? Mas vamos trazer o
problema para dentro de casa. Já falamos do pecado universal, agora vamos falar
do pecado pessoal. O pecado de Caim não foi matar Abel. Isto foi a consequência
da escolha que fizera anteriormente. Deus o advertiu: Se você tivesse escolhido certo, agora estaria feliz e não irado como
está agora. O pecado está à tua porta, cumpre
a ti dominá-lo. Assim fazendo, Caim não deu a Deus outra
possibilidade de escolha. Esta é também uma escolha nossa? Claro que é. Podemos
até não ter influência para grandes decisões, mas é nas pequenas coisas que as
nossas escolhas são reveladas. Quando escolhemos ficar do lado do poder, e nos
assustaríamos em constatar as inúmeras vezes que isso acontece, principalmente quando
esta opção nos é conveniente. O pecado também está à nossa porta, cumpre a nós
dominá-lo.
Leitura: Gênesis 4.1-9.
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