Reunião do Sinédrio, James Tissot |
O que os sacerdotes do templo estavam tentando fazer com
Pedro e João é uma tática de guerra bem difundida: dividir para vencer. No caso
específico do paralítico do templo, a ideia era desassociar o milagre, que era real
e palpável, do verdadeiro agente da cura. Curar em nome de um deus não seria
problema algum. Muitos curandeiros existiam naquela época. Mas quando os
apóstolos curavam em nome de Jesus eles estavam deflagrando um projétil que ia
muito além da simples restauração da saúde. Uma bomba relógio que estava pronta
para implodir toda a estrutura social, política, financeira e moral daquela
sociedade.
Essa é uma prática comum também em nossos dias. Quando
deixamos que o evangelho atue somente em determinadas áreas da nossa vida os
seus opositores pulam de alegria, porque é isso que eles tentam incutir na
cabeça das nossas crianças desde o ensino fundamental. Eles permitem que Deus tenha
criado o mundo da Bíblia, onde as suas narrativas não passam de contos de
fadas. Mas não perdem oportunidade de dizer que o mistério da criação de
verdade Darwin já desvendou: nós somos criaturas de meros processos aleatórios.
Eles não imaginam que os assírios, babilônicos, egípcios, persas, sírios e
macedônicos muitos antes de Darwin já tinham formulado a teoria de tentativa e
erro proposta por ele.
Agora vejam como funcionam as lógicas dos sacerdotes e dos
evolucionistas. A fé cristã pode circular livremente em algumas áreas, desde
que não interfiram em questões de maior importância, desde que não sirvam de
parâmetro para as grandes decisões.
Digam-me se não é exatamente desse jeito que temos vivido. Não
estamos elegendo os nossos representantes simplesmente porque eles são da nossa
igreja? A poderosa e nefasta bancada evangélica não está lá por mero acaso. Não
é fato que suplicamos a direção de Deus somente quando a nossa vida financeira vai
mal? Não aceitamos como natural que os nossos filhos tragam conceitos
materialistas da escola para dentro de casa? Não nos extasiamos diante das fantasticamente
produzidas ridicularizações da Bíblia nos programas científicos que passam na
TV?
Voltando ao nosso texto vamos perceber que o conceito de
salvação introduzido por Pedro no embate com os sacerdotes é algo que está completamente
esquecido por nós hoje em dia. Para o nosso atual entendimento a salvação está
restrita à vida após a morte, e quando muito a um ou outro aspecto moral. Mas
essa não é a salvação pela qual Jesus viveu e morreu. O conceito de salvação
nos evangelhos abrange todos os aspectos dessa vida. Esse era um pensamento tão
enraizado na igreja do primeiro século que Paulo precisou estendê-lo também à
vida pós morte: Se a nossa esperança em
Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo (I
Co 12.19). Ou seja, Paulo precisou
fazer o contrário do que seria preciso hoje. Ele hoje diria que se a nossa
esperança em Cristo só vale para a outra vida, nós já estamos mortos e não
sabemos.
Para que se tenha uma breve noção do que as palavras gregas sotéria e sotênai usadas por Lucas na narrativa de Atos 4.12 aqui vai uma
pequena lista: segurança, salutar, preservação, existência feliz, recompensa
pela salvação da vida, oferta por uma cura, consumir, perdoar, salvar da
extinção, guardar na memória e ensinar. Para propiciar que todas estas coisas
sejam reais, Pedro diz que não há nenhum outro nome debaixo do céu que não seja
o nome de Jesus, o Cristo de Deus.
A pergunta dos sacerdotes era a seguinte: — Com que poder ou em nome de quem vocês
fizeram isso? Em nome de que poder vocês curam um paralítico? Uma vez que
eles não podiam contestar o milagre, pois o curado estava em pé bem diante
deles, e por outro lado, toda Jerusalém tomou conhecimento do fato,
não havia como negar a realidade. Então a saída era tentar proibir a repercussão
do milagre a outros aspectos da vida.
Enquanto a mídia nos distrai com ilegalidade de um e de
outro candidato, mais nos esquecemos de que Deus é quem realmente governa. No
Salmo 146 o salmista já tinha deixado claro como deveria ser a vida do que tem
o Deus de Jesus Cristo como seu Deus: Não
ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem confiem em seres humanos, pois
eles são mortais e não podem ajudar ninguém. Quando eles morrem, voltam para o
pó da terra, e naquele dia todos os seus planos se acabam. Feliz aquele que
recebe ajuda do Deus de Jacó, aquele que põe a sua esperança no Senhor,
seu Deus, o Criador do céu, da terra e do mar e de tudo o que neles existe! (continua)
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