Velho mercado, Alex Levin |
Texto do reverendo Jonas Rezende.
Se alguém, ainda hoje, dirige num sábado pelas ruas das cidades israelenses, pode ter seu veículo apedrejado pelos judeus mais ortodoxos. Porque o entendimento é de que o dia de sábado está sendo profanado. Imagine, então, como o sábado era visto há dois mil anos, nos dias de Jesus.
Sábado significa, em hebraico, descanso. Mas a verdade é que se fez uma instituição da maior importância para os judeus. E a preocupação começou a girar sobre o que é lícito ou não fazer neste dia. Jesus, por exemplo, foi muito criticado porque atendeu a um sofredor no sábado...
Para compreendermos suas palavras citadas acima, vamos situá-las com clareza. Os discípulos do Mestre tinham fome e colheram algumas espigas na seara por onde passavam. Os fariseus — esses patrulheiros do inútil — começam a criticá-los. E o Cristo, depois de mostrar que Davi, com seus companheiros, também comeu, em momento de privação, o pão reservado aos sacerdotes, estabelece um princípio de absoluto bom senso: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”.
Creio que este princípio nos auxilia na avaliação de todas as instituições sociais: são úteis quando a serviço do homem, e degeneram-se quando se fazem fins em si mesmas. A Família, a Religião, a Escola, o Estado — tudo, enfim, existe para alimentar o processo de realização do homem. Quando essas e outras instituições perdem esse foco, chega o momento de as tomarmos relativas ou mesmo lutarmos para aboli-las. Como justificar o adultério legalizado, em nome do vínculo indissolúvel do casamento? Podemos aceitar qualquer raciocínio que estabeleça uma inquisição? É possível respeitar a escola que deforma e não educa? Devemos manter o Estado que age, como o Leviatã arbitrário de Hobbes, com todos os cidadãos? E a lista de perguntas poderia ser ainda bem maior.
Exupery chega a falar da sociedade, em seu Terra dos Homens, como uma verdadeira máquina de entortar homens.
Para organizar a sociedade dentro do propósito divino o homem é a medida de todas as coisas.
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