Como avaliar as instituições?

Velho mercado, Alex Levin
O Sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Jesus Cristo (Marcos 2.27)

Texto do reverendo Jonas Rezende.

Se alguém, ainda hoje, dirige num sábado pelas ruas das cidades israelenses, pode ter seu veículo apedrejado pelos judeus mais ortodoxos. Porque o entendimento é de que o dia de sábado está sendo profanado. Imagine, então, como o sábado era visto há dois mil anos, nos dias de Jesus.

Sábado significa, em hebraico, descanso. Mas a verdade é que se fez uma instituição da maior importância para os judeus. E a preocupação começou a girar sobre o que é lícito ou não fazer neste dia. Jesus, por exemplo, foi muito criticado porque atendeu a um sofredor no sábado...

Para compreendermos suas palavras citadas acima, vamos situá-las com clareza. Os discípulos do Mestre tinham fome e colheram algumas espigas na seara por onde passavam. Os fariseus — esses patrulheiros do inútil — começam a criticá-los. E o Cristo, depois de mostrar que Davi, com seus companheiros, também comeu, em momento de privação, o pão reservado aos sacerdotes, estabelece um princípio de absoluto bom senso: “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado”.

Creio que este princípio nos auxilia na avaliação de todas as instituições sociais: são úteis quando a serviço do homem, e degeneram-se quando se fazem fins em si mesmas. A Família, a Religião, a Escola, o Estado — tudo, enfim, existe para alimentar o processo de realização do homem. Quando essas e outras instituições perdem esse foco, chega o momento de as tomarmos relativas ou mesmo lutarmos para aboli-las. Como justificar o adultério legalizado, em nome do vínculo indissolúvel do casamento? Podemos aceitar qualquer raciocínio que estabeleça uma inquisição? É possível respeitar a escola que deforma e não educa? Devemos manter o Estado que age, como o Leviatã arbitrário de Hobbes, com todos os cidadãos? E a lista de perguntas poderia ser ainda bem maior.

Exupery chega a falar da sociedade, em seu Terra dos Homens, como uma verdadeira máquina de entortar homens.

Para organizar a sociedade dentro do propósito divino o homem é a medida de todas as coisas.

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