Sua Santidade,
O Papa Francisco PP
Palácio Apostólico
Cidade do Vaticano
av@pccs.va
O Papa Francisco PP
Palácio Apostólico
Cidade do Vaticano
av@pccs.va
Assunto: Carta aberta de um insignificante protestante brasileiro ao Santíssimo Papa Francisco
Santíssimo Padre, Papa Francisco,
Escrevo-te esta carta aberta sabendo que, por teus inúmeros compromissos e prioridades, as chances de que venhas a lê-la não são muitas. Contento-me, contudo, em expressar publicamente os sentimentos que, como humilde clérigo protestante, acalento a respeito do Santo Padre.
Primeiro, cumprimento-te por teu sorriso de menino levado. Perdoe-me se minha maneira de me expressar soar-te banal. É que esse aspecto, i.e., o teu sorriso, por si só, já se constitui motivo mais que suficiente para que te admire.
Segundo, saibas que teus pensamentos postos em palavras e gestos provocam em mim grande empatia, a ponto de, perdoe-me a intimidade, considerar-te gente de casa, amigo do peito.
Terceiro —e a esse respeito muitos correligionários meus, também protestantes, haverão de censurar-me, mais do que pelos motivos acima já declinados—, quero dizer que reconhecendo-te como o mais influente porta-voz contemporâneo do Evangelho daquEle outro menino sorridente e levado, o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, te tornaste muito mais que Bispo de Roma e Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana, antes te converteste em pastor para todos aqueles e aquelas que creem e, talvez ainda mais, para aqueles e aquelas que já não podem ou não conseguem mais crer.
Por fim, quero que saibas, conquanto eu mesmo não esteja certo de que isso possa vir a significar algo para ti, que o tenho em minhas orações. Oro por ti porque posso imaginar, ainda que parcialmente, que tremendas lutas devas travar com os que te cercam, principalmente contra aqueles que não sorriem.
Se porventura as sombras que te envolvem não se mostrarem amigas, lembra-te que não estás sós. Além da promessa do Cristo: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”, registradas no final do Evangelho segundo São Mateus, capítulo 28, (quem sou eu para recordar-te? queiras perdoar-me), cerca-te igualmente uma nuvem de testemunhas, de cujas fileiras fazem parte este insignificante pastor metodista que tem a audácia de lhe dirigir estas, um tanto, desconexas palavras, e mais alguns estimados colegas de quem, eu diria com tristeza, o mundo ainda parece ser indigno. Com eles nos esforçamos arduamente para honrar o nome Metodista, que ostentamos com convicção e reverência, e só por isso nos damos a liberdade de sermos também convictamente ecumênicos.
Muitos, suponho, meus colegas protestantes principalmente, julgar-me-ão bajulador, mas não me preocuparei em justificar-me perante eles. Não te escrevo por causa deles, antes, o faço por mim mesmo, principalmente, porque não queria omitir-me neste momento histórico singular, no qual percebo com alguma lucidez, a despeito de tudo, o sopro manso do Espírito de Deus por todo o mundo habitado, e constato, com candura, a encarnação do Evangelho do Amor que promoves por teus gestos corajosamente proféticos.
Como sei que os ventos costumam mudar sem prévio aviso, achei por bem não deixar pra remeter-te esta correspondência depois.
Termino, e peço-te mil perdões pela petulância, dizendo-te que, conquanto Santíssimo, sei que não és Santo, pelo menos não ainda, no sentido canonizado do termo. Por isso eu, conquanto pecador, tornado santo (com letra minúscula) pela Graça e pelo Amor do Deus Eterno manifestado em Cristo, rogo por ti para que cumpras em segurança e cabalmente teu ministério de menino sorridente, fiel ao Evangelho do Amor, no serviço do Reino de Deus.
Com nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ouso acreditar que se alguém quer ser o maior no Reino de Deus deverá tornar-se como criança. E, ao que tudo indica, sorrir é um bom começo.
Receba, em retribuição aos teus, meu igualmente sincero e generoso sorriso.
Fraternal e mui respeitosamente, em Cristo,
Rev. Luiz Carlos Ramos†
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