Por que ainda sou metodista?

Wesley e Wiberforce, estampa de 1891
Algumas perguntas me têm sido feitas com certa frequência: por que, após quase vinte anos fora do rol de membros dessa igreja, ainda me considero metodista? Por que sou tão diferente do modelo de metodista atual? Por que sendo ordenado e tendo frequentado preferencialmente igrejas de rígida orientação calvinista, ainda conservo a minha identidade original? Porque para mim, Wesley é o único teólogo com conhecimento e autoridade do nível do apóstolo Paulo.

Exagero? Nem de longe. Basta ver como Wesley sozinho abalou não somente as estruturas do inferno, ao evitar, pela sua pregação, que Inglaterra fosse mergulhada em uma revolução sanguinária, como a que aconteceu na França, mas também o domínio secular do, até então, inquestionável método de salvação calvinista. As crianças aprendem que o nome metodista vem da pontualidade e da conduta inflexíveis das reuniões do Clube Santo de Wesley em Oxford. Mas esse nome era, na verdade, motivo de chacota, pois Wesley estava “propondo” um novo método de salvação, daí ele e seu grupo serem chamados pejorativamente de metodistas.

O que Wesley fez para sobreviver e prosperar em uma igreja acomodada com o bom e velho método de salvação pela predestinação inspirado na teologia de João Calvino? Uma concepção de Deus diferente. Calvino via Deus como um rei, e todo monarca tem o poder fundamentado no exercício da sua vontade. Então, salvar ou deixar se perder seria uma decisão da vontade divina. Mas Wesley via Deus como um pai amoroso, e o poder dos pais sobre os filhos é concebido com base no amor. Partindo-se desse princípio, fica difícil imaginar um pai determinar a perdição eterna de um filho.

Em que se baseou Wesley para confrontar o calvinismo? Em seis aspectos fundamentados na teologia de Tiago Armínio, seu mentor.

A depravação humana.
O homem é completamente impotente diante do pecado.

A expiação é universal.
A morte de Cristo foi plenamente suficiente para expiar os pecados do mundo inteiro, e não somente de uns poucos eleitos.

A graça preveniente (que vem antes)
Ela está disponível a todos, antecipando-se a qualquer iniciativa, mas resguardando a liberdade para que o homem possa responder livremente à graça de Deus.

A graça não é irresistível
Ela pode ser aceita e rejeitada. Deus não está, deste modo, chamando as pessoas para si pela coerção.

Predestinação é pela aceitação.
Deus predestina todos aqueles que respondem com fé à salvação. Na sua oniciência ele sabe quem vai responder, mas a sua presciência não modifica a resposta do homem.

A certeza da salvação
Esta é dada pelo Espírito Santo, que testemunha com o nosso espírito a nossa condição de adoção como filhos de Deus, através de Cristo. Mas esta certeza também é confirmada de modo indireto pelo fruto do Espírito em nós.

Por que ainda sou metodista? Porque apesar de pensar assim, aceito que irmãos de outras denominações pensem diferente. Mas sempre ressalvando o fato de que aceito que eles pensem diferente em suas diferentes igrejas, e adeptos do pentecostalismo e de outras práticas e doutrinas estranhas deixem a igreja metodista voltar a ser metodista novamente.

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