Prelazia São Felix do Araguaia |
Texto do rev. Jonas Rezende.
A caminhada da vida, como você sabe, é solitária, mas pode ser também solidária. Diante da mentalidade que assume cinicamente que “aquele que puder mais que chore menos”, nossa preocupação deve ser, como nos lembra o poeta Shelley, com “o horizonte da humanidade”. O outro é o nosso próximo, ainda que distante geograficamente. Não é o inferno, como lemos na peça Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre.
Na primeira caminhada de Gautama, o Buda, pelos domínios de seu pai, apesar de todo o percurso ter sido preparado para que ele só entrasse em contato com coisas boas, Buda vê um morto, um enfermo e um mendigo. E aí começa a sua séria reflexão sobre a Vida. Hoje, ele saberia que existem, no mundo, um bilhão e meio de esfaimados e apenas cinquenta e sete bilionários! Não podemos fugir, diante de um quadro social tão trágico, como tentou fazer o profeta Jonas. Haverá maior rigor diante do juízo divino para os que são informados e nada fazem do que para Sodoma e Gomorra. Quem nos afirma isto é o próprio Jesus. E o Cristo se identificava até as últimas consequências com os desfavorecidos, o que faz do marginalizado o nosso próprio Cristo. Nas palavras do Mestre: “Sempre que vocês fizerem a um destes meus pequeninos, estarão fazendo a mim mesmo”. A Teologia da Libertação, com sua opção preferencial pelos pobres, se sintoniza, para mim, com o próprio coração de Deus. E nos toma parceiros de Jesus.
Note como Olavo Bilac vê o Natal do Filho do Homem:
Não nasceu entre pombas reluzentes,
na humildade e na paz desse lugar,
assim que abriu os olhos inocentes,
foi para os pobres o seu primeiro olhar.
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