Deixar o Cristo nascer

A visita do anjo, Walter Rane
Leia todo o Magnificat - Lucas 1.46-55

Texto baseado em sermão do rev. Garrison.

Nenhum nascimento é fácil. Sabemos o quanto é difícil deixar o Cristo nascer em nós hoje. O nosso medo é encarar o mundo com coragem e com a energia necessárias, e também não sabemos bem como enfrentar os problemas de cada dia. Existem tantas questões para serem resolvidas que não sabemos nem o que fazer e nem por onde começar. Mas vamos nos esquecer por um tempo dessas nossas deficiências e vamos pensar nos problemas que José e Maria tiveram que enfrentar para deixar o menino Jesus nascer.

Primeiramente vamos pensar nos problemas de Nazaré, os problemas da viagem e os problemas de Belém. Não é fácil não, porque a toda hora os nossos interesses pessoais irrompem em nossas consciências que temos que fazer força para que eles não nos tirem a concentração. Temos que fazer com que eles esperem um pouco para tentarmos por em foco aquele quadro lá em Nazaré com o casal Maria e José. Então eu vejo Maria, aquela figura perfeita aos olhos de Deus, tão humana, tão cheia de vida, tão jovem, tão obediente, tão receptiva. Eu vejo Maria ao lado do poço da aldeia com as roupas típicas da sua época e com um véu cobrindo a sua cabeça. Eu a vejo pensando naquele acontecimento singular, quando um anjo apareceu e lhe deu aquela notícia alarmante: — Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus.

Vejo Maria se lembrando da resposta que deu ao anjo: — Eu sou uma serva de Deus; que aconteça comigo o que o senhor acabou de me dizer! E imagino o que deve ter acontecido em seguida, quando ela pensava tão somente: como pode o Cristo nascer em mim?

Estaríamos nós hoje tão dispostos quanto Maria? Estaremos igualmente receptivos e prontos para tudo o que possa acontecer? Estaríamos, da mesma forma, aptos a aceitar tudo o que ela aceitou? Não foi fácil, não. Ela sabia que o povo de Nazaré, que não passava de uma pequena vila, jamais poderia compreender, e como compreenderia se nem nós hoje com a mente do século XXI compreendemos bem aqueles acontecimentos? Basta acontecer algo parecido em nossa vida para avaliarmos a nossa falta de entendimento.

Vejo aquele grupo de mexeriqueiros no Facebook, que naquele tempo se chamava sinagoga, se engalfinhando para postarem os seus comentários maliciosos. Dá para perceber que Maria até pode escutar os seus murmúrios: Lá vem a santinha. Vocês achavam que ela era virgem, não achavam? Olhe agora está grávida! Não pensem que eu fiquei doido de vez, não. Estou apenas descrevendo o que penso ter acontecido.

O povo não sabia do anjo. Inclusive José, ele também tinha lá suas dúvidas. Tinha que ter, ele era humano também. Jesus não caiu do céu como o Super Homem. Certamente Maria sentiu a dor da desconfiança dos outros, e até das pessoas que lhe eram mais queridas. Não é fácil suportar a dor da desconfiança!

Quando nós somos receptivos ao Espírito Santo, quando nós achamos a vida nova em Cristo é tão fácil negar tudo isso, simplesmente porque não suportamos a crítica dos outros. Não suportamos a falta de compreensão que vem de dentro da nossa própria família. É tão fácil negar Jesus Cristo porque não suportamos mais o escárnio e a condenação. Como pode a jovem e doce Maria suportar todo aquele escândalo em Nazaré? (continua)
  

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