Assumindo responsabilidades II

Crianças sacrificadas a Molok
Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas. Isaías 45.7

Realmente fica difícil identificar em meio a palavras trevas e mal, algo que aponte para uma situação de paz, pelo menos no conceito que costumeiramente fazemos da palavra paz. Outro elemento que dificulta a associação destes termos em uma mesma frase é a concepção de um Deus violento, que o Primeiro Testamento parece querer evidenciar. Vem daí a reinterpretação que se quer dar às narrativas que causam desconforto aos fiéis e que é um prato cheio para os críticos das Sagradas Escrituras.

Sem qualquer pretensão de ser um guardião da integridade bíblica, preciso dizer que para a Bíblia paz nunca foi a ausência total de conflito. Muito pelo contrário. Ao longo de toda a história humana em que ela foi vivida, transmitida oralmente e depois compilada, nunca houve um único dia que essa paz que almejamos acontecesse de fato. A paz que a Bíblia propõe, e que é a melhor tradução para o shalom aleichem, trata mais especificamente da concretização da pratica efetiva da justiça, e isso é mais sabido que por si só já é um fator gerador de grandes conflitos. Conflitos dos quais a Bíblia nunca se esquivou, amenizou ou omitiu de suas páginas.

Mesmo assim ainda fica difícil entender as ordens diretas de extermínio, genocídio e homicídios contidos em várias passagens, principalmente quando fazemos leituras pontais e tendenciosas da Bíblia. Contudo, o que escapa e sempre escapou aos olhos dos críticos é o fato de que tais ordenanças nunca foram aleatórias, preconceituosas ou mesmo com os contrastes raciais, como foram os grandes genocídios que a história secular nos deu a conhecer. Existia sempre por trás de cada uma das ordens explícitas de Deus um sacrifício indiscriminado de crianças inocentes. Esse é o pecado contumaz a ser combatido e erradicado, não somente dos povos vizinhos em Canaã, mas também dentro das fronteiras de israel.

Todos esses acontecimentos do passado, bem como alguns atuais vêm em resposta a nossa pergunta mais frequente: como é que Deus não faz nada? Estatísticas comprovam que no dia 10 de setembro de 2001, portanto apenas um dia antes do fatídico 1 de setembro, se praticou um número maior de abortos do que o número total de vítimas dos atentados. Deus nunca ficou e nunca ficará passivo diante do assassinato das suas joias mais preciosas, e não são poucos os textos que corroboram com essa tendência:
Então, ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem aos hebreus lançareis no Nilo, mas a todas as filhas deixareis viver. Ex 1.22
Não farás assim para com o Senhor teu Deus; porque tudo o que é abominável ao Senhor, e que ele detesta, fizeram elas para com os seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas queimam no fogo aos seus deuses.  Dt 12.31 
Então, tomou a seu filho primogênito, que havia de reinar em seu lugar, e o ofereceu em holocausto sobre o muro; pelo que houve grande ira contra Israel; por isso, se retiraram dali e voltaram para a sua própria terra. II Rs 3.27
Também queimou incenso no vale do filho de Hinom e queimou a seus próprios filhos, segundo as abominações dos gentios que o SENHOR lançara de diante dos filhos de Israel. II Cr 28.3

Faltaria espaço para falar de outras passagens do Livro dos Reis, bem como de Jeremias e Ezequiel que profetizaram ferozmente contra esse delito. Mas o que se evidencia é a reação de Deus contra um crime bárbaro e injustificável. Esse crime não ficará impune, ainda que para isso seja necessário a erradicação de nação inteira.

Mas os críticos ainda não estão satisfeitos, e retornam a pergunta: e quando Deus manda matar também as crianças? Amanhã abordaremos o assunto. (continua)

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