Talentos e minas

Parábola dos talentos ou das minas, autor e título não identificados
Em Mateus 25.14-30, Jesus conta a parábola dos talentos. Já em Lucas 19.11-27 ele parece repetir esta parábola, senão literalmente, de modo bastante semelhante. Apenas algumas diferenças sutis são apresentadas, como por exemplo, a unidade monetária em Lucas não é talento, como em Mateus, e sim minas. O que podemos concluir dessas parábolas, se é que há alguma conclusão a ser tirada?

Ambas as parábolas começam com um senhor que reúne seus empregados, confiando-lhes bens durante o período de sua ausência em um país distante. A diferença aparece quando Lucas diz que o senhor da parábola iria ser investido de realeza. Observem que o destino de Jesus na parábola de Lucas era confronto final em Jerusalém, enquanto que em Mateus Jesus havia ido ao templo em uma visita rotineira. Em apenas um dos casos a sua realeza seria declarada.

Ambas as parábolas falam de um período de ausência. Os servos deveriam agir por conta própria e cada um iria responder individualmente por aquilo que lhe foi confiado, fossem talentos ou minas. Aqui temos mais um dado que diferencia as parábolas. Em Lucas ele deu quantias iguais a todos a quem chamou. Em Mateus, ele as distribuiu segundo as suas capacidades. Talvez não importe tanto a quantia e nem a unidade monetária, mas sim como os seus servos agiriam durante a sua ausência.

Outro dado importante, é que o senhor da Lucas tem uma resistência de ódio dentre o seu povo. Resistência essa focada em impedir que ele seja entronizado, e que de alguma forma reine sobre eles. Convém observarmos aqui os contextos onde as parábolas são contadas. A parábola dos talentos foi contada para um grupo seleto de discípulos confessos, ao passo que a das minas foi apresentada para uma grande multidão que consistia de pessoas comuns, inimigos do povo, como era o caso de Zaqueu, e de inimigos declarados de Jesus. No caso escribas, fariseus e sacerdotes.

A minha limitação exige que eu coloque um finalmente, e este recai justamente sobre a diferença dos lucros apresentados pelos servos. Na parábola de Mateus os servos bons apenas duplicam os bens recebidos. Como se cada discípulo fosse responsável por fazer mais um discípulo. Já em Lucas os resultados esperados são da ordem de cinco ou dez vezes mais o valor inicial.

No balanço final, na parábola dos talentos os servos receberam presentes. Na parábola das minas, os servos receberam responsabilidades e desafios.

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