Texto do rev. Jonas Rezende.
Vejo como muito importante a experiência relatada no livro O Videota, de Jersy Kosinski, no qual se baseia o filme Muito Além do Jardim, aliás o último trabalho do ator Peter Sellers. O livro, que mais parece uma parábola, nos mostra um jardineiro que, sem qualquer nível intelectual e até mesmo deficiente mental, desenvolve um tipo muito belo de sabedoria.
Vejo como muito importante a experiência relatada no livro O Videota, de Jersy Kosinski, no qual se baseia o filme Muito Além do Jardim, aliás o último trabalho do ator Peter Sellers. O livro, que mais parece uma parábola, nos mostra um jardineiro que, sem qualquer nível intelectual e até mesmo deficiente mental, desenvolve um tipo muito belo de sabedoria.
Porque planta, participa de um mundo vivo e em crescimento, muito mais importante do que as “selvas de pedra”; esses apartamentos que parecem gaiolas ou gavetas aos quais nos condenamos nas cidades modernas.
Porque observa as estações, toma contato com o ciclo de renovação eterna da Vida: o inverno que se transforma na primavera engravidada de flores, frutos, pássaros, cores, músicas e perfumes...
Jesus Cristo é, no texto acima, confundido por Maria Madalena com o jardineiro. Não sem razão.
A presença do jardim, na vida humana, começa com o mitológico Éden. E, na vida de Jesus, o jardim desempenha papel tão importante quanto o do deserto. Sua vida de oração, a luta para assumir por completo a missão sacrificial, e até o túmulo que lhe foi reservado, localizam-se em diferentes jardins.
O Mestre pode mesmo ser visto, de certa forma, como um jardineiro. Aquele que lavra, que planta, que conhece as estações da vida. Ninguém mais do que o Cristo desenvolve a postura do jardineiro que acompanha em silêncio o fecundo mistério da existência.
Nenhum outro homem mergulha com tamanha consciência no Ventre do Universo — Semente de Deus que o era — e avalia o papel, sempre relativo, do sofrimento e da morte, diante da vitória irreversível da primavera espiritual, que é filha dileta do Deus da Evolução.
Jesus Cristo vive, da maneira mais natural, uma identidade sem limites com o jardim que Deus lhe confia. Nele se cumpre a poesia de Walt Whitman:
Oh! enfrentar a morte, as tempestades, a fome, o ridículo, os acidentes, as repulsas, como fazem as árvores e os animais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário