Lutas comuns

A pesca maravilhosa, autor  identificado
Um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte.
Isaías 41.6

Este antigo registro dá algumas pistas para a nossa ação nos dias de hoje. Note como o texto destaca o cooperativismo: um ao outro ajudou. Em nossa sociedade de consumo e de disputas selvagens, onde está sacramentado o lema “salve-se quem puder'’, a manifestação de companheirismo que o texto nos passa merece, para mim, destaque especial.

Martin Luther King afirmou com profunda consciência: Ou aprendemos a viver juntos como irmãos ou pereceremos juntos como loucos. Sempre que leio esse texto bíblico me vem à lembrança o lema dos três mosqueteiros, de Alexandre Dumas, que por sinal eram quatro: Um por todos e todos por um.

Mas repare como o texto também nos fala do valor do estímulo mútuo, em nossas lutas comuns. Um dizia ao outro: Seja forte. Não se trata de colocar alguém no colo, com paternalismo, e sim de provocar o potencial adormecido, diante dos desafios inadiáveis. Maurice Maeterlinck, em seu livro A Sabedoria e o Destino, fala com beleza poética sobre a relação entre os que estão preocupados em viver o amor concreto. Diz Maeterlinck: Não amemos de dó quando pudermos amar por amor; não perdoemos por bondade quando podemos perdoar por justiça; não aprendamos a consolar quando podemos aprender a respeitar.

O mais intrigante neste texto, para mim, é o fato de que ele retrata a atitude de inimigos do povo de Deus, na Bíblia, os chamados pagãos! E esta é a sua lição maior. A busca da verdade e os acertos não respeitam história ou geografia. A ação divina não se restringe aos nossos esquemas; ninguém é dono de Deus por usucapião...

Mário Vargas Llosa coloca nos lábios de um personagem de seu livro Conversa na Catedral a seguinte observação: Porque no bordel você está mais perto da realidade do que no convento. Jesus Cristo é ainda mais contundente quando diz aos fariseus: As prostitutas chegarão no Reino dos Céus antes de vocês.

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