Tu és o Deus que operas
maravilhas e,
entre os povos, tens feito notório o teu poder.
- Salmos 77:14 -
- Salmos 77:14 -
Se Deus é por eles, quem será contra? Nós? www.plebemaldita.blogspot.com |
Astronomicamente
falando, o ano solar tem início no solstício de inverno, dia em que o sol
atinge sua maior distância com relação ao equador e começa a se deslocar em
direção ao hemisfério oposto. No norte, isso acontece por volta de 25 de
dezembro e, no sul, de 22 de junho. Como, nas suas origens, as religiões
costumavam relacionar suas celebrações com o comportamento dos astros, a
maioria delas elegeu esse dia para marcar os eventos para elas mais
importantes. E foram as do hemisfério norte que moldaram nossa cultura
ocidental em geral, de modo que 25 de dezembro passou a ser adotado por vários
credos como seu dia principal.
Quando
Roma conquistou praticamente todo o mundo ocidental, fez dele um único império,
sem fronteiras e com muitas estradas, acelerando a integração e o intercâmbio
comercial e cultural entre os povos que viviam nessas terras. As religiões não
ficaram de fora e começaram a integrar nas suas celebrações elementos umas das
outras, dando muitas vezes um significado novo, ou incorporando o original. De
modo que, hoje, temos de reconhecer que o Natal não é mais uma festa
exclusivamente cristã.
Ganhamos
ou perdemos com isso? Vamos observar o que acontece. Tomemos como exemplo os
espaços onde o Natal pulsa com maior intensidade. Os paulistas não poderão
deixar de pensar no Largo da Concórdia e na 25 de março. Os cariocas, na Saara
e no mercadão de Madureira. E por aí afora. Nesses mercados populares convivem
há algum tempo em, quase, perfeita harmonia povos e culturas aparentemente
incompatíveis: portugueses, italianos, alemães, judeus, muçulmanos, palestinos,
libaneses, turcos e, mais recentemente japoneses, coreanos, chineses e até
haitianos, peruanos... ufa! Todos emigrados de uma pátria por eles amada mas na
qual a vida se tornara difícil, tendo sido acolhidos por esta que, também dos
filhos de outros solos se fez mãe gentil. Em troca, esses novos filhos projetam
para o mundo a imagem de um país que é exemplo de tolerância, fraternidade,
paz. Isso é Natal hoje.
Mas
neguim, com razão, pode me advertir: e os afrodescendentes? É verdade, nesses espaços
também encontramos lojas de artigos destinados aos cultos de origem africana,
dividindo espaço com livrarias evangélicas, católicas, kardecistas, budistas...
Bem, mas com eles a coisa foi diferente: não encontraram entre nós a saída para
uma situação de opressão; ao contrário foram para cá trazidos à força para
serem oprimidos. E qual foi a sua vingança, dessa massa branca que ainda os
discrimina? Deram a cara ao que o mundo conhece como cultura brasileira, cheia
de musicalidade, de beleza, de alegria; temperaram com graça o esporte bretão.
Suas entidades sociais empenham-se em tornar nossas instituições mais justas,
na medida em que promovem indiscriminadamente os excluídos, sejam negros,
brancos, indígenas ou simplesmente pessoas humanas. Isso é Natal hoje.
E
o Natal cristão? Não se preocupe, Deus chegou nesse dia para nos visitar, mas
não para uma visita de médico, que prescreve um remedinho, dá uns conselhos e,
depois, vai embora. Ele veio para estar conosco todos os dias, até a consumação
dos séculos. Temos mais 364 dias para estar com ele. Mas isso é outra história,
que veremos no outro ano, a outra semana.
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