Seja Deus gracioso para conosco, e
nos abençoe, e faça resplandecer sobre nós o rosto; para que se conheça na
terra o teu caminho e, em todas as nações, a tua salvação.
Arte do fim do mundo |
Leia Salmos
67
Texto do rev.
Jonas Rezende.
Era 21 de
maio de 1991, cerca de dezoito horas, quando o rádio do carro trouxe a notícia
do atentado que matou Rajiv Gandhi. Uma mulher coloca no pescoço do dirigente
da índia um colar de flores e, logo cm seguida, a bomba explode matando, entre
outros, a terrorista e o primeiro-ministro. A notícia ainda estava sendo
detalhada quando o automóvel entrou no túnel Rebouças, interrompendo a
transmissão. Foi inevitável então a lembrança do assassinato de Indira Gandhi, mãe
de Rajiv, seis anos antes. E, muito mais longe, a morte brutal do Mahatma
Gandhi, cujo nome foi adotado pela família de Nehru. E Gandhi era um santo
homem, comprometido apenas com a paz, o amor e a libertação do seu sofrido
povo das consequências de um colonialismo feroz.
O requinte
de usar um colar de flores para levar o homem à morte me fez recordar o beijo
da traição que Judas Iscariotes deu em Jesus. E me perguntei, mais do que
nunca, por que essas forças diabólicas navegam no sangue da humanidade? São
convulsões do Mal que atingem frequentemente os melhores! Que caminhos
estranhos escolhem aqueles que desejam implantar os seus ideais a ferro, fogo e
sangue? E ainda sentem orgulho de suas ações terroristas! E assumem, com
soberba, a paternidade de atentados como esse!
A Bíblia
sentencia pela pena de Salomão: há caminhos que ao homem parecem o bem, mas
cujo fim é a morte. E no presente salmo o poeta pede a Deus que faça conhecido
na terra o seu caminho.
Estamos
cansados desses acontecimentos chocantes e brutais que se insinuam no cotidiano
de todos nós. Mas somos desafiados, paralelamente, à luz da oração do
salmista, a refletir sobre a violência sem precedentes que gera os caminhos da
morte.
Se a utopia
é o sonho, com base na realidade, que nos convida a construir um mundo melhor,
a antiutopia de nossos dias é o pesadelo, com base também na realidade, que
precisamos cortar pela raiz, se desejamos de fato futuro para o ser humano e
para a vida.
Já Thomas
Hobbes, no século XVII, advertia que o homem é o lobo do homem, defendendo em
seu livro Leviatã a existência de um Estado que fosse um freio à agressividade
humana. E veio depois 1984, de George Orwell. E a série para televisão O
Planeta dos Macacos.
O salmista
tinha razão de pedir a graça e a bênção de Deus. E um caminho de libertação de
todos os homens do mundo; opção diante dos caminhos da morte. O seu sonho era
que o Senhor ficasse para sempre no horizonte humano, e que a terra não
deixasse de dar o seu fruto.
Sabe?
Acredito que a humanidade se encontra em uma encruzilhada. Ou torna realidade a
utopia mais ambiciosa e lança as bases de um novo Renascimento. Ou forja o pior
de todos os pesadelos, correndo, como suicida, na direção do holocausto
atômico. Caminhos e caminhos.
Somos
responsáveis pelo destino de todos. O que acontecer ao mundo também nos
atingirá. Estamos no mesmo barco.
O salmista
pede a graça e a bênção de Deus. Suplica para a terra o caminho da salvação. E
nós, você e eu?
Martin Luther
King, que morreu nas mãos de quem não aceitava o seu sonho de um mundo mais
justo e amorável, afirmou certa vez, profeticamente:
Ou
aprendemos a viver juntos como irmãos
ou pereceremos juntos como loucos.
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