O que é PERFUME?

O bom perfume, Rodolphe Ernst
Como todos os orientais, Israel fazia amplo uso de perfumes. A Bíblia menciona nada menos de uns trinta. Os patriarcas ofereceram perfumes a José (Gn 43.11) e a Salomão IR 10.2-10. Ezequias, porém, foi quem monopolizou o seu mercado (IIR 20.13). O perfume era tão necessário à vida como o comer e o beber. Sua significação era dupla: na vida social, manifestava a alegria ou exprimia a intimidade dos seres; na liturgia simbolizava uma oferenda e o louvor.

Perfume e vida social.
Perfumar-se era exteriorizar sua alegria de viver (Pv 27.9). Era também ornar-se de uma beleza aumentada: faziam os convivas por ocasião dos banquetes (Am 6.6) e os amantes ao se unirem carnalmente (Pv 7.17). Perfumar a cabeça do hóspede era expressar-lhe a alegria que se tem em recebê-lo (Mt 26.7) e negligenciar esse gesto seria uma incorreção (Lc 7.46). No luto, pelo contrário, suprimiam-se os sinais de alegria (IIS 1.20; 14.2). Contudo, os discípulos de Cristo, ao jejuarem, devem continuar a perfumar-se, para não pôr à mostra a sua penitência (Mt 6.17) nem encobrir pela tristeza a verdadeira alegria cristã.

O perfume pode às vezes desempenhar um papel ainda mais íntimo: o de transferir a presença física de uma pessoa para uma forma mais sutil e mais penetrante. Ele vem a ser a vibração silenciosa pela qual um ser exala sua essência e dá a perceber o murmúrio da sua vida oculta. Assim é que Ester (Et 2.12-17), para melhor chegar até o coração daquele a queria seduzir, ungiam-se de óleo e mirra. O odor das searas a exalar-se das vestes de Jacó (Gn 27.27) revela a bênção de que Deus o cobrira; a esposa dos Cantares compara a presença do Bem-amado à do nardo, a uma bolsinha de mirra (Ct 1.12) ou a unguentos, en­quanto seu Esposo a chama minha mirra, meu bálsamo (Ct 5.1 e 4.10).

Perfume e liturgia.
No culto dos antigos fazia muito uso dos perfumes, como símbolo de oferenda; Israel retomou esse costume. A liturgia do Templo tem um altar dos perfu­mes (Êx 30.1-10), incensários (I R 7.50), copas de incenso (Nr 7.86); um sacrifício de perfumes é feito cada manhã e cada tarde em alegre adoração (Ex 30.7s; Lc l.9). De modo que o perfume do incenso que se eleva em fumarada exprime o louvor dirigido à divindade (Sl 141.2; Ap 8.2); queimar incenso equivale a adorar, a aplacar a ira de Deus (IR 22.44).

Não pode haver senão um só culto: o do verdadeiro Deus. Embora o incenso e seu perfume acabam, no entanto ainda se prestam para designar o que mais perto se pode chegar de um culto perfeito. Assim será o sacrifício incruento que todas as nações prestarão a Deus nos tempos escatológicos (Ml 1.11; Is 60.6; Mt 2.11). Esse culto perfeito foi realizado por Cristo: ele ofereceu-se a Deus em sacrifício de agradá­vel odor (Ef 5.2). Com isso Paulo estava querendo dizer que a sua vida se consumiu em oferta de amor agradável a Deus.

O cristão, por sua vez, ungido de Cristo no seu batismo, mistura de perfumes de grande valor (Ex 30.22-25), deve irradiar o bom odor de Cristo (II Co 2.14-17) impregnando as suas mais simples ações com esse espírito de oferta: Fp 4.18 - Recebi tudo e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus.

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