A semente do Reino II

O  semeador e o diabo, Albin Egger-Lienz
Aconteceu faz quase dois mil anos, está certo. Mas foi um momento na eternidade que está além da nossa cronologia. Mas por que demora tanto? Por que temos que esperar tanto para ver os resultados do Reino de Deus? Por que Deus não endireita tudo de uma vez, como qualquer um de nós faria? Por que os projetos de Deus são como a semente, que cresce e nós nem percebemos? O problema é que nós somos escravos da nossa própria concepção de progresso. Nós somos amarrados pela nossa falta de visão. Deus está trabalhando. Deus está executando seus propósitos. A semente está plantada, está crescendo e vai continuar crescendo. O dia em todo joelho vaio dobrar e toda língua vai confessar está chegando.

A palavra que diz que a semente cresce, nos ensina que aquilo que Deus conduz, ele mesmo providencia. O processo em que a semente plantada chega à colheita diz que Deus sabe o que está fazendo. Nossas vidas não são determinadas por uma fatalidade. Existem leis físicas e leis espirituais que governam a natureza. Ele possui recursos a serem usados no Reino de Deus que sequer imaginamos existir. O salmista captou isso em uma bela poesia: Do Senhor é a terra e a sua plenitude.

Quando se fala do contexto que Deus está trabalhando nesse mundo, algumas perguntas são pertinentes. As minhas respostas são meramente ilustrativas e não têm a pretensão de servir de exemplo de virtude ou parâmetro de verdade absoluta para quem quer que seja.

Quando foi que a semente foi plantada em minha vida?
Eu não sei responder exatamente quando, nasci em um lar onde este Reino era priorizado, mesmo porque os parcos recursos da família provinham da fé, e não de outra garantia. Mas tenho a convicção de que a semente plantada em mim designou que eu fosse pregador do evangelho.

O que aconteceu comigo depois que a semente foi plantada?
Mesmo antes da minha decisão pelo ministério, minha vida já estava sendo orientada neste sentido. Não foi nada fácil abandonar a minha atividade anterior, e mais difícil ainda deixar de depender dos recursos que ela provinha. Nem de longe alcancei a renda que tinha anteriormente, mas minha convicção de que a semente está crescendo em mim só tem aumentado.

Posso me lembrar das intervenções de Deus em minha vida?
Sim, de algumas. Quando o meu filho estudou na PUC, uma das universidades mais caras do Rio de Janeiro, em um dos cursos mais caros ali ministrados. Tanto eu quanto a mãe dele atravessávamos as maiores crises financeiras de nossas vidas. Mas isso não impediu de continuar e de se graduar com o reconhecimento dos professores e colegas. Coisa que, talvez, em uma condição financeira mais favorável eu não conseguiria. Esta é apenas uma delas.

Eu sei que não sou mais o que eu era, mas também não sou o que espero ser, e isso é sinal  visível do crescimento da semente. Ela tem sido a cura para a mais virulenta doença que possuo: a ansiedade. Tenho aprendido a duras penas que não dá para fazer o que preciso fazer, da maneira que eu penso fazer, no tempo em que imagino fazer, com os recursos que possuo. Minha convicção, ainda insegura, tem se inclinado incipientemente a fazer o que Deus quer, da maneira que ele quer, quando ele quer, e com os recursos que ele providenciar. Isso veio da convicção de que o trabalho de Deus realizado sem o seu poder é um vazio sem propósito que leva ao esgotamento.

Justamente quando estamos duvidosos, não temos certeza de nada, muito menos do seu Reino. Quando a nossa fé está mais vacilante do que nunca, Deus está presente fazendo a semente crescer. Quando estamos ansiosos, impacientes e achando que nada vai dar certo, é nesse momento que descobrimos a sua capacidade infinita de nos surpreender. (continua)

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