É preciso ir para vir III

Ascensão, Salvador Dali em 1958
A resposta vem da nossa atitude. Simples assim. Vem da nossa atitude em relação à ressurreição, em relação à morte e em relação à eternidade. Tudo depende da atitude que tomamos nessas horas escuras e espinhosas. Tudo depende da nossa reação quando o infortúnio acontece. Qual é a mensagem que há nessas coisas? Qual é a minha reação? Pode Jesus usá-la para me fazer crescer?

Não vejo muito sentido nisso. Na verdade, não vejo sentido algum nos males que me acometem. Não me vejo culpado pela maioria dos tropeços que a vida me impõe. Então, porque eles continuam acontecendo? O que Deus quer de mim? O que ele quer me ensinar com tudo isso?

A resposta dessas perguntas depende de nossa atitude. Um teólogo escocês do século passado disse o seguinte: Tolo eu tenho sido, em não perceber antes que a mensagem de Deus não se lê através do envelope que ela nos chega. Não se lê mesmo. Nós não enxergamos absolutamente nada no início, mas no final fica manifesto que o nosso crescimento maior acontece nessa hora. Temos que aprender a dizer como o salmista: Sl 116.10 - Estou completamente esmagado, mas mesmo assim continuarei crendo. Precisamos lutar como Jacó até recebermos a bênção do anjo do crescimento que está nos desafiando. Essa bênção é Jesus Cristo chegando a nós de uma maneira nova. Essa é a bênção que cada cristão tem que ter: ver Jesus chegando de um modo diferente, de uma maneira completamente nova.

Foi justamente essa bênção que fez com que os discípulos voltassem alegres para Jerusalém. Somente depois de receberem esta bênção que eles aceitaram a segunda parte do nosso texto de João 16.7: Eu afirmo que é melhor para vocês que eu vá. Porque se eu não for, o consolador não virá. O Espírito Santo viria para os discípulos como se Jesus estivesse presente de uma forma não mais pessoal, como foi o seu ministério, mas de uma forma universal e onipresente. Jesus havia completado o seu ministério terreno no seu tempo e agora ele voltaria ao Pai para reinar sobre a História.

É melhor para vocês que eu vá. Fico pensando naquele grupo pequeno de pessoas agitadas. Pessoas saltando de alegria e voltando ao templo de Jerusalém como se estivessem embriagadas, como relatou Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos. A conduta eles era tão incomum que pareciam estar em uma festa de bêbados. Aquele grupo pequeno e inexpressivo seria o começo de uma raça nova. Seria o começo de uma criação diferente de homens e mulheres. Eles seriam o embrião de uma raça escolhida para viver e proclamar ao mundo um novo estilo de vida, cuja assinatura era o amor, cuja assinatura era a liberdade, cuja assinatura era a paz.

O que mais me impressiona nisso tudo é que Deus não precisa de nós para realizar seu plano, mas mesmo assim ele nos tem escolhido para sermos o canal da sua bênção para o mundo. Primeiramente, usou uma nação pequena e inexpressiva para mostrar ao mundo o seu poder libertador. Depois, revelou todo o seu amor através do Filho que enviou para nos salvar. E agora, na sua estratégia de redenção, ele preferiu agir através de nós, dentro de nós. A experiência divina não falhou, como muitos pensam e andam propagando aos quatro ventos. O Senhor vivo está aqui hoje. Jesus vivo está aqui agora. O Cristo vivo está presente em nosso meio buscando amar através de nós. Está buscando extinguir o mal através de nós. Ele está buscando curar através de nós. Ele quer trazer o seu Reino através de nós.

Justamente nós que não merecemos nada, senão o julgamento, fomos chamados a fazer parte desse paradoxo divino. Fomos escolhidos para mostrar ao mundo a imensa alegria que é descobrir o menor sinal da presença e da ação de Deus em nosso meio, em nós e por meio de nós.

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