As sete trombetas, Batist Bible Graphics 1998 |
Segundo Testamento
Uma perspectiva de Deus de misericórdia, como a descrita anteriormente pode ser encontrada também no Segundo Testamento.
A verdadeira impiedade.
No vocabulário grego do Segundo Testamento, a atitude espiritual estigmatizada pelo Primeiro Testamento é assinalada de maneira mais precisa ainda, tanto a impiedade, asebeia, como a injustiça adikia, como também a rejeição da lei anomia. Contudo, através das discussões de Jesus com os fariseus, vemos de imediato que as antigas concepções que acarretavam no desprezo de Deus são aqui confrontadas.
Para os fariseus a pedra de toque da piedade era a prática das prescrições legais e das tradições que as envolviam. Consequentemente a ignorância nesta matéria já seria uma impiedade: Jo 7.49 - Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita. Jesus, portanto, estaria incorrendo em erro grave ao comer com os pecadores, em ficar na casa deles e em ser amigo deles: Mt 9.11 - Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?
Mas Jesus bem sabe que todo homem é pecador e que ninguém pode se autodenominar de pio e justo. O evangelho que ele traz dá justamente aos pecadores uma possibilidade de penitência e de salvação: Lc 5.32 - Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento. A pedra de toque da verdadeira piedade passará a ser, pois, a atitude adotada para estes mesmos pecadores, de acordo com este evangelho.
Os ímpios são chamados à salvação.
O problema é exatamente o mesmo desde que Cristo consumou seu sacrifício, morrendo pela mão dos ímpios. Ele morreu como justo pelos injustos, embora tenha preferido ser contado entre os malfeitores: Lc 22.37 - Ele foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido. Morreu pelos ímpios, a fim de que estes sejam justificados pela fé nele. Esses tais são os justos do Segundo Testamento: os ímpios justificados pela graça. Tendo reconhecido no evangelho o chamado à salvação, renunciaram à impiedade para se voltarem a Cristo. Os verdadeiros ímpios doravante são os homens que rejeitam esta mensagem ou que a corrompem: os falsos doutores que confundem os fiéis, e eles merecem o nome de Anticristos; os indiferentes que vivem numa ignorância voluntária; as potências pagãs que se levantarão contra o Senhor; o ímpio por excelência. Nesse contexto se revela agora o mistério da impiedade.
A ira de Deus sobre os ímpios.
Ora, mais ainda do que no Primeiro Testamento, o castigo dessa impiedade é agora uma certeza. De modo permanente, revela-se a ira de Deus contra a impiedade e a injustiça humana: Rm 1.18 - A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça. Isto é mais verdadeiro ainda na perspectiva dos últimos tempos e do juízo final, quando então o Senhor aniquilará o ímpio pelo fulgor da sua vinda, e todos os que participam do mistério da impiedade serão confundidos e castigados. Se o castigo tarda é porque Deus usa de paciência para possibilitar aos maus a conversão.
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