A besta que emerge do mar, anônimo |
A carta que Paulo, o Apóstolo, endereça a Igreja Romana tem
sido, através dos séculos, o principal veículo de recondução da Igreja Cristã
ao seu verdadeiro propósito no mundo. De imediato podemos citar dois
destes momentos que por nos falarem bem de perto, pois tiveram as suas raízes
firmemente plantadas neste fecundo solo da mais bem elaborada teologia paulina.Primeiramente, a Reforma Protestante encabeçada por Martinho Lutero nasceu
de um dos conceitos mais enfáticos da referida carta: A salvação pela graça
em contrapartida às indulgências cobradas pela igreja para a salvação. Citamos,
também, o despertamento Religioso de John Wesley que contou com a inspiração de um pequeno trecho destes escritos
que marcaram de forma definitiva a vida, não só dos primeiros, mas a de todos
os cristãos em todos os tempos e lugares.
Através deste rascunho de ideias, eu gostaria de chamar a
atenção dos benevolentes leitores desse nosso blog para os versículos do hino cantado
pela igreja primitiva, que encerra o capítulo 8 desta carta: Que diremos, pois, à vista dessas coisas; se
Deus é por nós, quem será contra nós? Quem não poupou o seu próprio filho
não... nos dará juntamente com ele todas as coisas. . . Quem nos separará do
amor de Cristo? Será a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a mudez,
o perigo, a espada?... Porque eu
estou bem certo de quem nem a morte nem a vida, nem os anjos nem principados, nem
as coisas do mundo presente, nem as que estão por vir nem altura, nem
profundidade, NEM NENHUMA OUTRA CRIATURA pode nos separar do amor de Deus
manifestado em Cristo Jesus Nosso Senhor.
Esta página que se insinua como uma das mais belas da
literatura bíblica, mais do
que beleza encerra também um grande desafio. O desafio de não permitir que
essas coisas perniciosas à vida humana, tribulação, perseguição, fome etc. concorram
para nos separar do amor de Deus. Paulo desafia a igreja a suportá-las pela fé,
pois, por pior que seja a intensidade com que qualquer uma delas venha a nos
atingir, ou ainda, por mais drástica que seja a combinação de todas elas, não têm eficácia suficiente para impedir que o amor de Deus seja continuamente
manifestado em nós e por meio de nós.
A despeito dessa verdade teológica, um minucioso exame do
texto vai nos mostrar que desafio que Paulo nos apresenta não se restringe
somente nas mazelas da vida como propulsor desta nefasta tentativa de
separação. Paulo coloca uma outra série de coisas, coisa boas, como a vida, os
anjos, o futuro etc., coisas que possuem faces profundamente angelicais, porém,
quando mal vividas ou mal aproveitadas concorrem muito mais tenazmente do que
todas as coisas ruins, para nos separar do amor de Deus.
Parece que temos um par de situações aparentemente
controversas, que, em última análise, concorrem para o mesmo fim. No entanto,
Paulo faz neste trecho de sua carta, dentre as citações lógicas e
compreensíveis, uma citação cujo sentido não se encaixa em qualquer das duas definições anteriores: NENHUMA
OUTRA CRIATURA.
Não
é meu propósito nessas simples linhas identificar quem seria essa OUTRA CRIATURA,
como os demonólogos tem se empenhado, através dos séculos, vinculando-a a besta
do Apocalipse ou a este ou aquele personagem histórico. Sem a pretensão de tal
perspectiva, quero chamar a atenção para algumas ênfases da mensagem que batem
de frente com conduta cristã que é marcante nos dias de hoje, bem como analisar
um conceito muito discutido e controverso na igreja: o Espírito Santo.
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