Salomé com a cabeça de João Batista, Caravaggio |
Texto do rev. Jonas Rezende
A verdade se impõe, ainda que a longo prazo. A luta contra a verdade é inútil e perdida. Guerra Junqueiro expõe o que eu escrevo com a força agressiva de sua poesia: É o mesmo que apagar o sol quando flameja com o apagador de lata de uma igreja.
Neste salmo somos confrontados com a categórica afirmação de que a palavra de Deus é reta, e que a terra está cheia da sua bondade. O salmista ainda afirma que os céus por sua palavra se fizeram. Assim, lança o poeta a sua exortação: tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo.
Neste salmo somos confrontados com a categórica afirmação de que a palavra de Deus é reta, e que a terra está cheia da sua bondade. O salmista ainda afirma que os céus por sua palavra se fizeram. Assim, lança o poeta a sua exortação: tema ao Senhor toda a terra, temam-no todos os habitantes do mundo.
Fica explícito que a palavra de Deus, como o apóstolo Paulo escreve em sua segunda carta a Timóteo, não pode ser aprisionada. Porque é o poder de Deus. Pela sua palavra tudo foi criado. Disse Deus: haja luz. E houve luz. A História registra o trabalho insensato de colocar cadeias na palavra divina. Foi por isso que prenderam Paulo em Roma, Savonarola em Florença, Bunyan em Bedford, Bonhoeffer em Flossemburg, sem conseguir interromper o itinerário da palavra de Deus.
Muitos apregoadores foram mortos, mas a palavra prosseguiu. Podemos matar os idealistas, nunca os ideais. Como prender o próprio Deus? A palavra não se separa do Deus que a coloca no coração e nos lábios dos profetas e dos apóstolos. Se focalizarmos a vida de Jesus, perceberemos que, nele, mais do que em qualquer outro, a palavra, o logos se faz carne para viver entre os homens. E a palavra transita na mensagem da Igreja e nos fatos que tecem a História, como presença viva que independe da nossa vontade.
John Mackay afirma que a medula da religião cristã é o encontro do homem com Deus: a experiência suprema da vida é a do assalto divino à nossa existência. Roger Mehl complementa dizendo que a presença divina é uma provocação, uma exigência; na presença da palavra de Deus eu sou desarmado: ele me acusa, ele me justifica, ele me perdoa.
Como aprisionar a ação do Senhor na vida humana? Como bloquear sua palavra na experiência das instituições que criamos e na História, da qual ele é o Senhor? Calvino, no século XVI, não tinha dúvidas: a palavra de Deus rompe as cadeias e se espalha poderosamente.
O salmista escreve no fim do seu belo poema: feliz a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para a sua herança... os olhos de Deus estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia, para livrar-lhes a alma da morte... Nossa alma espera no Senhor... nele o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo nome. Seja sobre nós, Senhor, a tua misericórdia, como de ti esperamos.
A bênção de Arão pode ser orada assim:
O Senhor me abençoe e me guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre mim, e tenha misericórdia de mim. O Senhor sobre mim levante o seu rosto. E me dê a paz.
Por que não repetir essa bonita prece?
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