Autismo e fé, SantiContreras |
Texto do rev. Jonas Rezende
Não sei se você leu um livro escrito por Vercors, logo depois da Segunda Guerra Mundial: Nos confins do homem. O livro especula a respeito do chamado elo perdido, no processo de evolução que tornou possível o ser humano. A ficção disseca as dúvidas de uma equipe de cientistas que descobre um ajuntamento de seres muito estranhos. Eram mais do que simples macacos, mas aparentemente ainda não haviam se tornado humanos. A grande pergunta da interessante história é justamente esta: qual o sinal que distingue o ser humano?
Depois de muitas peripécias, os cientistas concluem que os estranhos seres descobertos já eram humanos, porque intuíam algo que lhes antecedia, lhes sucederia e lhes era superior, desenvolvendo uma forma rudimentar de culto religioso. Essa é então a marca humana básica presente, por sinal, em todas as conhecidas culturas da terra. Isto é, a busca de transcendência. A fome de Deus.
Davi, neste salmo, chama os ateus de insensatos ou tolos, de acordo com outra tradução. Você não acha que uma afirmação assim generalizada é injusta para com os ateus? Conheci muitos agnósticos ou mesmo ateus radicais que não se encaixavam na descrição feita pelo poeta bíblico. Porque são homens que prezam a vida ética e nada têm de tolos ou insensatos. Melhores que muitos ratos de igreja.
É isso. O insensato descrito por Davi não é tolo pelo fato de ser ateu, mas porque pratica abominação, corrupção e maldade; e leva ao ridículo os mais humildes. Todo mundo sabe que não apenas os ateus de mau caráter, mas também religiosos hipócritas podem adaptar-se perfeitamente à descrição do salmista. A verdade é que Davi quer tão somente fazer uma comparação entre os que seguem o Senhor e aqueles que o negam, e se perdem em seus caminhos sem justiça. Dizer mais do que isto é violentar o texto do salmo.
Mas há de fato um tipo de tolice que leva o ser humano a negar a Deus e depois criar outros deuses, à sua própria imagem e semelhança. Tal como fizeram os positivistas, seguidores de Auguste Comte, que abandonaram a fé, mas inventaram a religião da humanidade. Ou os comunistas ortodoxos, que se prendiam à utopia de uma sociedade tão perfeita, que acabaria por dissolver o Estado, com suas leis repressivas e arbitrárias. E tudo deu no que deu. Não quero me perder em um tipo de soberba religiosa, mas honestamente entendo que é impossível escrever a História sem Deus.
O século XX, que acabamos de ultrapassar, expõe o nervo da incoerência desses e de outros tantos movimentos, apesar dos fatos positivos de que lhes somos para sempre devedores, e que nos autoriza a esperarmos o seu justo resgate histórico.
Agora, veja só. Davi, em outros de seus salmos, faz primeiro uma declaração bela e profunda, que merece particular reflexão. Diz o poeta: a intimidade do Senhor é para os que o temem. E lança depois um desafio visando crédulos e ateus; todos os homens de sensibilidade.
Note como o salmista chega a ser até atrevido em sua provocação. Ele conclama:
Provem e vejam que o Senhor é bom; bem-aventurado é o homem que nele se refugia.
Aceite o desafio do salmista.
E se faça amigo íntimo de seu Deus.
2 comentários:
Caro amigo Sergio
Como alguém pode ser amigo íntimo de Deus se o teme ?
Sei que você apenas transcreve o que nosso amigo Jonas escreveu. e por sua vez ele se baseou em uma tradução da da Bíblia. Mas vou lhe sugerir que você dê uma ajeitada nesses textos. Por ex: A INTIMIDADE DO SENHOR É PARA QUEM OS AMA.
Abraços
Neemias, até onde eu posso perceber esta é uma questão somente sua, pois nós, eu e o Jonas conseguimos conviver bem com a forma com que foi escrita a Bíblia.
Postar um comentário