Salomão construindo o Templo, Gustav Doré? |
Texto do rev. Jonas Rezende.
Há muitos anos, fui chamado para fazer uma palestra sobre a Igreja. E, com base no fato de que nem o Livro do Gênese, ao falar das coisas primeiras, nem o Livro do Apocalipse, com seu testemunho sobre a vitória do propósito divino na vida do ser humano e do Cosmo, nenhum desses dois livros limítrofes da Bíblia menciona a existência ou sequer a necessidade de templos. Concluí meu pensamento dizendo que a Igreja era um mal necessário e, como tal, deverá ser abolida, quando houver a realização de todas as coisas em Deus.
Lembro-me de que, na ocasião, uma senhora bem-intencionada discordou do que eu dizia e fez a citação deste salmo de Davi, que realmente fala com amor do lugar onde Deus assiste; e assim valoriza o santuário divino. Pedi desculpas à senhora, caso a tivesse ferido sem pretender, mas esclareci que estava falando especificamente da Igreja como instituição humana, com suas falhas, seus equívocos e seus visíveis desmandos. Destaquei, entretanto, que essa mesma Igreja, a despeito de seus desvios, cumpre um importante papel através de seus templos, o que justificava minha frase de que era, afinal, um mal necessário. Tal como o salmista, eu também amo a habitação divina. No céu, na terra ou onde for...
Agora, veja bem. Este tema sugere duas reflexões. Em primeiro lugar, é bom saber que nenhuma construção física, nenhuma casa pode aprisionar o Senhor dos céus e da terra. Como orou Salomão, quando inaugurou o primeiro templo de Israel: Nem o céu e o céu do céu te podem conter, ó Deus, quanto mais uma casa construída pelas mãos humanas!
Albert Einstein, através dos caminhos da Ciência, afirmou que o Universo é finito, embora mergulhado em contínuos espasmos de expansão. Note então como nem o Universo poderia limitar as manifestações do Senhor, como afirmou Salomão, guiado por sua fé e pela sabedoria, que é fruto do bom senso.
Por outro lado, seja qual for o lugar onde nos encontremos, aí pode ser também casa de Deus. Foi exatamente a experiência vivida por Jacó. Dormiu, como fugitivo, com a cabeça em uma pedra, mas a revelação que lhe chegou, através de sonho, foi tão bela e tão significativa, que ele batizou aquele travesseiro de pedra com o nome de Betel, que significa justamente casa de Deus. E concluiu Jacó, admirado: Na verdade, o Senhor estava aqui e eu não sabia.
Você certamente concordará comigo em que o local do nosso trabalho também pode ser casa de Deus. Assim o meio de transporte de que nos servirmos, a casa de um amigo, a mesa alegre de um restaurante, o nosso próprio leito, como aconteceu com Jacó.
Quando perguntaram a Jesus quanto ao lugar correto para a adoração divina - se em determinado monte ou em Jerusalém a resposta do Mestre foi objetiva: Nem nesse monte nem em Jerusalém. Deus é espírito e requer de seus adoradores o culto em espírito e em verdade.
Eu então lhe pergunto:
Se até o nosso corpo é templo do Espírito,
o que, em sua vida,
você não chamaria casa de Deus?
Nenhum comentário:
Postar um comentário